‘Pílula do câncer’ falha de novo, mas ministério decide continuar testes
A ‘pílula do câncer’, suposta panaceia anticâncer desenvolvida por um professor da USP (agora já aposentado) falhou mais uma vez em testes do MCITC (antigo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e que agora abrange também as Comunicações).
Desta vez, a droga foi produzida pela Unicamp, com grau de pureza superior a 98% (a ‘pílula do câncer’ original tinha menos de um terço de ‘fosfo’). Outras substâncias também foram testadas: monoetanolamina e fosfobisetanolamina.
Os novos testes bancados pelo MCTIC foram conduzidos pelo Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (Cienp, de Florianópolis) e apontaram um desempenho pífio dos compostos no combate a células de câncer de pulmão, de pele (melanoma) e de pâncreas.
A única das três substâncias testadas que teve alguma atividade antitumoral foi a monoetanolamina (repere bem, não é a ‘fosfo’), na cavalar e quase astronômica concentração de de 10 mM, desempenho superado facilmente por drogas clássicas como cisplatina e gencitabina.
No único resultado de inibição parcial de crescimento e de redução da viabilidade de células tumorais produzidos pela fosfo, o efeito seria consequência do aumento da acidez do meio de cultura provocado pela adição da substância.
HORA DE MUDANÇA?
Depois de outros seis estudos apontando na mesma direção, era a chance de a fosfo ser sepultada, mas, ao que tudo indica, a política e a paixão levam vantagem sobre a ciência e a razão.
Segundo informa o jornal “O Estado de São Paulo”, especialistas do ministério sugeriram encerrar a empreitada fosfoetanolamínica, que já consumiu alguns milhões dos cofres públicos.
No entanto, ainda haveria o desejo de pesquisar se a droga possui outro tipo de mecanismo de ação, como anti-inflamatória ou analgésica.
Independetemente dos estudos do MCTIC, vale lembrar que a fosfo também será testada em humanos, em estudos clínicos. Na prática, isso significa pular etapas –normalmente uma droga só é testada em humanos quando há resultados favoráveis em células e animais.
De qualquer maneira, falta pouco para que saibamos definitivamente se todo o mito que envolve a fosfoetanolamina tem algo de verdadeiro.
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