Campanha no Paraná é chance de ouro para fabricante de vacina contra a dengue

Gabriel Alves

A campanha de vacinação contra a dengue pela qual passará Paranaguá e outras 29 cidades do Paraná será uma oportunidade de ouro para que a multinacional francesa Sanofi mostre a que veio.

A região concentra a maior parte dos casos do Estado e espera-se grande benefício no controle da doença, que assusta a população e o governador Beto Richa (PSDB).

Há uma limitação inicial de 500 mil doses, que serão adquiridas a R$100 cada –menos do que o preço oficial de R$ 138,53.

O investimento não é tão pesado, e o preço pago por dose, especialmente se considerarmos trata-se de um lançamanto, não é tão salgado. Uma única dose de vacina quadrivalente contra a gripe custa esse mesmo tanto.

Mas há problemas. Uma das principais desvantagens da vacina é a necessidade de três doses para que seja atingido um patamar “aceitável” de proteção.

Digo aceitável porque a proteção fornecida não é completa (fica na casa dos 66%. Há um sorotipo da dengue (de quatro existentes), o DENV2, para o qual a proteção é de 47%. –a circulação atual da região, segundo informa reportagem da Folha, é formada predominantemente de DENV1, contra o qual a  proteção fornecida pela vacina é de 58%.

(Vale registrar aqui que a proteção da vacina da Sanofi Pasteur contra o DENV3 e o DENV4 são de 73% e 83%, respectivamente.)

O argumento que sempre é e que sempre poderá ser usado pela Sanofi (até que alguma vacina concorrente seja lançada) é o da redução das internações (80%), de casos graves de dengue e de dengue hemorrágica (93%).

As cidades da campanha de vacinação abrangem 80% dos casos do Paraná, que teve um aumento no número de casos de 60% em relação ao ano anterior. Houve 61 mortes.

É a chance de ouro que a Sanofi tem para provar que, apesar do baixo índice de proteção, que vale a pena investir algumas centenas de reais por pessoa imunizada contando com a economia em hospitalizações. O governador diz que o prejuízo com a dengue já superou os R$ 330 milhões em 2016. Não está claro como foram feitas as contas, mas a construção dos argumentos faz a vacina parecer uma boa ideia.

Claro que aqui estamos só tratando da briga contra o vírus, impedindo que ele circule em parte da população. Para vários especialistas, o combate aos vetores, em especial o Aedes aegypti, é a principal arma para acabar com a doença, mas estamos falhando há décadas nesse cabo de guerra contra os aedes. No meio de tanta descrença, quem sabe a vacina mostre que há uma luz no fim do túnel.

 


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