Estudo decifra rota da zika até o Brasil –doença veio do Haiti

Um estudo comandado por pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) em Pernambuco desvendou a rota percorrida pelo vírus da zika até que ele desembarcasse em terras brasileiras. Ao que tudo indica, a penúltima parada foi o Haiti: é possível que os próprios haitianos que vieram para o Brasil estivessem infectados, ou ainda que os militares brasileiros que participaram de uma missão de paz no país caribenho tenham trazido o patógeno.

O vírus, que no Brasil foi responsável por um surto de casos de microcefalia, especialmente na região Nordeste, antes passou por Polinésia Francesa, por países da Oceania, Ilha de Páscoa e só daí ela foi para a América Central e Caribe, antes de chegar por aqui. A rota se assemelha àquela percorrida pelos vírus da dengue e da chikungunya.

Além disso, os pesquisadores identificaram ao menos seis linhagens da variante asiática do vírus da zika circulando no Brasil. Um próximo passo nessa linha de pesquisa é tentar saber se os vários tipos têm comportamentos distintos entre si.

Do ponto de vista de saúde pública, com essa informação é possível traçar estratégias para tentar evitar ou reagir mais rapidamente à chegada de outros vírus no país.

“Nossos resultados enfatizam a necessidade de observar com atenção os procedimentos de biossegurança nos principais pontos de entrada e de garantir que haja uma vigilância sistemática para as arboviroses, a fim de monitorar a circulação e a evolução delas, conforme os vírus se espalham pelo mundo”, escrevem os autores do estudo, publicado na revista especializada International Journal of Genomics.

Outros elementos que ajudam a atacar a questão são o monitoramento de mosquitos, para ver quais vírus carregam, e os dados de diagnóstico clínico de pessoas com a doença.

No Brasil, desde o início do surto, em 2015, os casos suspeitos de zika superam 231 mil; os confirmados, 137 mil. O número de casos de síndrome fetal congênita (que inclui microcefalia, problemas de visão, de articulação entre outros) está em 2.931, e 11 mortes já foram ligadas à doença, segundo os dados mais recentes.

O trabalho da Fiocruz foi financiado pela Facepe (Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco).


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