Emagrecedor clássico, mazindol é testado no tratamento de TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade)
O mazindol, droga emagrecedora que ganhou fama na década de 1970, pode assumir um novo papel. A molécula no momento é testada como uma alternativa para o tratamento do TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade).
O TDAH afeta adultos e crianças (especialmente meninos) e se caracteriza pela desatenção, hiperatividade e impulsividade, mas não há necessidade de que todos os sintomas se manifestem simultaneamente para caracterizar a doença. O transtorno pode comprometer o aproveitamento escolar de crianças e adolescentes e estima-se que mais da metade dos afetados pelo apresentem alguns aspectos do transtorno na fase adulta.
De acordo com as estatísticas mais recentes, entre 5% e 10% das crianças em idade escolar são afetadas pelo TDAH, mas que calcula-se que apenas um décimo delas seja de fato diagnosticada e tratada.
Atualmente, além de psicoterapia, há algumas outras drogas já usadas no tratamento, como a lisdexanfetamina (Venvanse), metilfenidato (Ritalina) e alguns medicamentos antidepressivos. (Há quem diga, porém, que há um excesso no emprego de drogas no tratamento)
A ideia do grupo farmacêutico NLS-1 e da parceira brasileira da iniciativa, a Eurofarma, é inserir neste mercado uma nova formulação do mazindol, droga emagrecedora não anfetamínica que promete ter um efeito comparável ao das rivais de primeira linha. A mudança, explica André Wolter, gerente médico da Eurofarma, seria no modo de liberação da substância no organismo, mais controlado.
Ele lembra que não é tão difícil na medicina mirar em uma coisa e acertar em outra. Foi o que aconteceu no caso do Viagra (sildenafil), inicialmente concebido para tratar hipertensão pulmonar. Só depois descobriu-se que era capaz de tratar disfunção erétil.
A vantagem da nova fórmula do mazindol, explica Wolter, é que, por não se tratar de uma anfetamina, pode auxiliar crianças e adultos que não respondam bem a esses tratamentos. “Os médicos sempre se queixam de falta de alternativas para o tratamento. Estamos tentando preencher essa lacuna.”
Segundo um estudos preliminares, feito com 85 pacientes com TDAH, a droga não tem impacto no sono ou no peso e conseguiu reduzir os sinais e sintomas em 50%. Ela também não causa dependência ou tem sua ação reduzida com o tempo. Agora a expectativa é confirmar esses dados num estudo clínico de fase 3, o último antes do lançamento, que está em andamento.
“Antes a doença era associada a um mau comportamento, a crianças que não têm disciplina ou que precisam de palmadas. Hoje a hipótese mais aceita para explicar a doença é uma imaturidade de núcleos pré-frontais e frontais do cérebro”, diz Wolter. “De algum modo, o cérebro não amadurece inteiro por igual, especialmente nas áreas ligadas à atenção, ao movimento e à impulsividade.”
A droga aumenta a captação dos neurotransmissores noradrenalina e dopamina, que funcionam como intermediárias da ação desses núcleos cerebrais. Acredita-se que esse ajuste faz com que o cérebro se desenvolva todo por igual, fazendo-o recuperar o tempo perdido até a fase adulta —isso em 40% dos casos, segundo estimativas.
Para os outros 60% seria necessário manter o tratamento pela vida toda , a fim de que os aspectos sociais, cognitivos, profissionais possam ser explorados em sua totalidade.
Gostou? Compartilhe. Não gostou? Quer desabafar? Elogiar? Tem algo novo para me contar? Comente abaixo ou contate-me nas redes sociais (Instagram, Facebook e Twitter). Se preferir, escreva para cadeacura (arroba) gmail (ponto) com
Clique aqui e receba as novidades do blog
Você pode acessar (e divulgar) o blog Cadê a Cura? pelo endereço folha.com/cadeacura
Leia posts recentes:
Infecção anterior por dengue piora microcefalia por zika em roedores
Cremação de paciente que tomou droga radioativa gera contaminação nos EUA