Cadê a Cura? https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br Sobre doenças e suas complicações e o que falta para entendê-las e curá-las Thu, 19 Mar 2020 00:39:51 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Quadrinhos ajudam a entender distrofia de Duchenne e síndrome de Marfan https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2020/03/05/quadrinhos-ajudam-a-entender-distrofia-de-duchenne-e-sindrome-de-marfan/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2020/03/05/quadrinhos-ajudam-a-entender-distrofia-de-duchenne-e-sindrome-de-marfan/#respond Thu, 05 Mar 2020 14:39:37 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2020/03/Screenshot-2020-03-05-at-11.15.26-320x215.png https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=1256 Nunca é fácil falar sobre doenças, mas algumas iniciativas explicam com sucesso para crianças e para o público doenças complicadas, como a distrofia de Duchenne e a síndrome de Marfan, na forma de histórias em quadrinhos –até a Turma da Mônica entrou na jogada.

Cada Passo Importa, da farmacêutica Sarepta, conta a história de Edu, um menino com distrofia muscular de Duchenne, uma doença genética que afeta principalmente os músculos e que tem sérias consequências na expectativa de vida. Nas historinhas, o novo personagem da Turma da Mônica encara situações comumente enfrentada por esses meninos, como perda de fôlego e uso de cadeira de rodas, além de dar boas explicações sobre a origem, progressão e tratamento da doença.

Edu protagoniza história da Turma da Mônica (Reprodução)

Outra iniciativa é a das estudantes Carolina Viana, Deborah Cunha e Dayse Santana, da Escola Paulista de Enfermagem da Unifesp. A história de Mendelino busca explicar a síndrome de Marfan, que provoca alterações na visão e problemas cardíacos. Os pacientes tendem a ser altos e magros, com dedos e membros compridos.

HQ sobre síndrome de Marfan (Reprodução)

Aqui no blog também já falamos sobre a série DII Sem Máscaras, uma iniciativa da farmacêutica Takeda que ajuda a entender as doenças inflamatórias intestinais como a doença de Chron e a retocolite ulcerativa.


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Entenda a diferença entre surto, epidemia e pandemia https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2020/01/23/entenda-a-diferenca-entre-surto-epidemia-e-pandemia/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2020/01/23/entenda-a-diferenca-entre-surto-epidemia-e-pandemia/#respond Thu, 23 Jan 2020 17:53:29 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2020/01/cce995cefda4df1b4cee9aa2ee0deb0ea7414f1fd9b88484fe45876847009ddf_5e29995731933-320x215.jpg https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=1243 Quando muitos casos de uma doença contagiosa começam a ser reportados, logo surgem manchetes falando sobre determinado surto, epidemia e do risco de uma pandemia. Nem sempre, porém, fica claro o que é cada um desses níveis e exatamente em que momento passa-se de um estágio para o outro.

O primeiro conceito importante é o de endemia. Trata-se de uma certa quantidade de casos que historicamente já ocorrem em determinada região do país. Exemplos brasileiros: doença de Chagas e esquistossomose (barriga d’água).

Quando esse nível endêmico (que pode ser 0) é rompido pelo aumento de casos, pode-se considerar que há um surto ou uma epidemia

Geralmente fala-se em “surto” para designar que novos casos estão concentrados em determinada região, como um bairro de uma cidade ou uma região metropolitana. 

A palavra “epidemia” costuma ser reservada para quando a delimitação geográfica (uma vila ou um bairro, por exemplo) já não ajuda a definir tão bem onde os casos da doença estão acontecendo e/ou quando muitas pessoas são afetadas.

A distinção é algo cinzenta, mas uma infecção que pode ajudar a ilustrar o problema é o sarampo. Os surtos recentes de sarampo mataram 140 mil pessoas só em 2018, segundo a OMS. Calcula-se que as epidemias de sarampo na década de 60 chegaram a matar 2,5 milhões de pessoas.

Quando a epidemia afeta vários países ou continentes, trata-se de uma pandemia. Um caso ou outro de uma doença fora do local onde houve inicialmente o surto não implica necessariamente uma pandemia. Outros fatores, como a capacidade de disseminação do agente infeccioso (como no vírus da gripe) e presença de vetor (mosquito Aedes aegypti, no caso de arboviroses como dengue e zika) contribuem para a contenção ou espalhamento da moléstia.

Mas em que momento exatamente uma grande epidemia se transforma numa pandemia? Quantos países têm de ser afetados? Em que proporção? A gravidade da doença importa?

Há um consenso de que a gripe espanhola, que há cem anos matou pelo menos 50 milhões de pessoas, pode ser chamada de pandemia. Também se diz que o surto de gripe suína, em 2009, que matou 200 mil pessoas em todo o mundo, foi uma pandemia. 

Em um artigo publicado no periódico The Journal of Infectious Diseases, em 2009, os autores, entre eles Anthony Fauci, diretor do Niaid (Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA) fazem uma reflexão do que seria necessário para atestar esse patamar extremo:

  • Grande distribuição geográfica: um dos consensos é que a doença tem que afetar uma grande porção territorial, como no caso da peste negra, da gripe (influenza) e de HIV/Aids.
  • Rastreabilidade do movimento da doença: é possível identificar para o caminho percorrido pela doença, como no caso da influenza, transmitidas por via respiratória, da cólera, pela água, ou da dengue, que se dá de acordo com a presença de vetores (mosquitos do gênero Aedes).
  • Alta taxa de infecção: quando a taxa de transmissão é fraca ou há baixa proporção de casos sintomáticos, raramente uma doença é tratada como pandemia, mesmo com grande disseminação. A febre do Nilo Ocidental saiu do Oriente Médio e foi parar na Rússia e no Ocidente em 1999, mas nunca carregou a alcunha de epidemia
  • Imunidade populacional baixa: É maior a chance de haver uma pandemia quando a imunidade da população for baixa para o patógeno
  • Novidade: o uso do termo pandemia está associado ao risco de novos patógenos (caso do HIV, nos anos 1980) ou novas variantes (caso do vírus influenza, da gripe, que apresenta sazonalmente novas configurações)
  • Infecciosidade: o termo “pandemia” é menos comumente ligado a doenças não infecciosas, como obesidade, ou comportamento de risco, como tabagismo. Quando isso ocorre, a ideia é destacar aquele problema como uma área que merece atenção, mas, segundo os autores do artigo, trata-se de um uso coloquial, não tão científico.
  • Tipo de contágio: a maioria dos casos de epidemias é de doenças transmitidas entre pessoas, como a gripe (influenza).
  • Gravidade: geralmente a palavra “pandemia” é associada a moléstias graves, capazes de matar, como peste negra, HIV/Aids e SARS (síndrome respiratória aguda severa). Mas doenças menos severas, como sarna (causada por um ácaro) ou conjuntivite hemorrágica aguda (provocada por vírus), também foram consideradas pandemias.

A principal forma de se prevenir contra os efeitos de uma pandemia é com sistemas vigilância para detectar rapidamente os casos, ter laboratórios equipados para identificar a causa da doença, dispor de uma equipe habilitada para conter o surto, evitando novos casos e sistemas de gerenciamento de crise, para coordenar a resposta.

A OMS (Organização Mundial da Saúde), por sua vez, emprega termos específicos para classificar certas situações. Uma emergência se dá quando uma autoridade decide que é hora de tomar medidas extraordinárias, como restrição de viagens e de comércio e estabelecimento de quarentena. Essa mesma autoridade também pode suspender esse estado de emergência. Geralmente uma emergência é bem-definida no tempo e no espaço e depende de um certo limiar para ser declarada. Esse limiar pode ser definido como uma taxa de mortalidade de 1 para cada 10.000 pessoas por dia ou mortalidade de 2 crianças abaixo de 5 anos a cada 10.000 pessoas por dia.

Crise é uma situação classificada como difícil, difícil de se estudar, classificar e combater. Uma crise pode não ser necessariamente evidente e necessita de um trabalho de análise para ser totalmente conhecida e e combatida.

Outras fontes consultadas: Ministério da Saúde, Fredi Alexander Diaz Quijano (Faculdade de Saúde Pública – USP), CDC


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Dor nas costas pode ter origem em doença inflamatória https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2019/12/13/dor-nas-costas-pode-ter-origem-em-doenca-inflamatoria/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2019/12/13/dor-nas-costas-pode-ter-origem-em-doenca-inflamatoria/#respond Fri, 13 Dec 2019 06:30:24 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2019/12/backpainwere-320x215.jpg https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=1218 A região onde as pessoas mais têm dor são as costas (depois vem a dor de cabeça, nas articulações e outras).

Em alguns casos, essa dor é causada pela condição conhecida como espondilite anquilosante, uma doença inflamatória ainda sem cura e sem causa conhecida. É importante saber o tipo de dor nas costas para direcionar melhor o tratamento –no caso da espondilite anquilosante, essencialmente controlar os sintomas, que podem incluir lesões nos olhos, intestino, coração e pulmão.

Em uma ação voltada ao público, a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) estará nesta sexta (13) das 10h às 16h em São Paulo (na av. Paulista, 1313) para informar os transeuntes sobre dores nas costas. Um questionário pode ajudar a detectar os casos mais preocupantes:

  1. Sua dor nas costas começou antes dos 40 anos de idade?
  2. Sua dor nas costas aumentou com o tempo, gradualmente?
  3. Sua dor nas costas diminui com exercícios físicos?
  4. Você sente que o repouso (dormir) não melhora sua dor nas costas?
  5. Você sofre de dor nas costas durante a noite e percebe que melhora após levantar?

Se a resposta para ao menos quatro questões for “sim”, é grande a chance de a dor ter origem inflamatória. Um especialista pode ajudar a recomendar o melhor tratamento.

Segundo a SBR, entre 65% e 80% da população mundial desenvolve dor na coluna em alguma etapa de suas vidas mas, na maioria dos casos, há resolução espontânea. Mais de 50% dos pacientes melhora após 1 semana e 90% após 8 semanas.

Segundo o NHS, serviço nacional de saúde do Reino Unido, algumas medidas podem ajudar a prevenir as dores nas costas:

  1. Exercitar-se e alongar-se regularmente (convém buscar orientação de profissionais de saúde)
  2. Ser uma pessoa ativa –uma pessoa deve fazer no mínimo 150 minutos de exercícios físicos por semana
  3. Evite permanecer sentado por muito tempo, seja no trabalho ou dirigindo
  4. Tenha cuidado ao erguer e carregar peso; respeite seus limites
  5. Mantenha a postura ereta ao sentar-se para usar o computador ou assistir à TV
  6. Verifique se seu colchão é adequado para seu peso e se não está muito gasto
  7. Se você tem sobrepeso ou é obeso, tente perder uns quilinhos por meio de uma dieta saudável e exercício regular

É bom procurar um médico se a dor não melhorar ao longo de algumas semanas, se ela impede de fazer as atividades diárias ou se está piorando. Automedicação pode ser perigosa.

Vale a pena procurar um serviço de emergência imediatamente se houver dormência ou fisgamento na região dos genitais ou glúteos, se não conseguir urinar, se perder controle da bexiga e do intestino, se houver dor no peito ou febre, se surgir alguma deformidade nas costas, se a dor não melhorar após o repouso ou piorar durante a noite, ou se começou após alguma queda ou acidente.

(Saiba mais sobre sua saúde no Match da Saúde, ferramenta digital da Folha que ajuda você a conhecer mais sobre sua saúde a partir de um breve questionário.)


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Minicurso gratuito via WhatsApp aborda aspectos do diabetes

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Minicurso gratuito via WhatsApp aborda aspectos do diabetes https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2019/11/04/minicurso-gratuito-via-whatsapp-aborda-aspectos-do-diabetes/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2019/11/04/minicurso-gratuito-via-whatsapp-aborda-aspectos-do-diabetes/#respond Tue, 05 Nov 2019 02:07:39 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2016/08/4293213857_b95a3a4dc3_o1-180x127.jpg https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=1183 Um minicurso digital, a ser dado gratuitamente por meio do WhatsApp, irá abordar aspectos do diabetes, como os mitos que rondam quem descobre que tem a doença, tecnologias envolvidas no tratamento, formas de melhorar a alimentação e receitas de doces mais saudáveis.

Uma das responsáveis pela iniciativa é a jornalista Letícia Martins, da revista Momento Diabetes, direcionada ao público com a doença. Ela explica que o curso é voltado para todas as pessoas que têm diabetes, pré-diabetes, obesidade, além de parentes –especialmente porque a doença tem um componente hereditário– e profissionais de saúde que ainda não têm conhecimento aprofundado sobre o tema. Também participa da organização do curso Bianca Fiori, que tem diabetes tipo 1 há 25 anos.

Para Martins, muitas vezes é difícil para as pessoas fixarem tanta informação relacionada a essa condição, daí o emprego de vídeos e ebooks, que também podem ser compartilhados. O material conta com o endosso de especialistas da área.

Há 14 milhões de diabéticos no país, e a maior parte dessas pessoas, cerca de 70% de acordo com estimativas, não controla adequadamente a doença. Assim, elas se sujeitam a um maior risco de doenças cardiovasculares, como AVC e infarto, infecções, amputações, retinopatia diabética (que pode levar à cegueira) e neuropatia (lesão nos nervos).

As inscrições para o minicurso acontecem até quarta, 6 de novembro de 2019, às 9h da manhã por meio do link (bit.ly/2WzKeyA). Mais informações aqui.


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Características individuais definem tratamento contra o câncer https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2019/10/28/caracteristica-individuais-definem-tratamento-contra-o-cancer/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2019/10/28/caracteristica-individuais-definem-tratamento-contra-o-cancer/#respond Mon, 28 Oct 2019 22:47:48 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2019/10/71a598b03f6cf3c16c86b66a0db9fd372172d367e605ba73a3fcb84bc83c38f5_5d850a6034c64-320x215.jpg https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=1171 Após o diagnóstico de câncer, uma das questões mais importantes que pacientes e familiares querem responder é esta: qual deve ser o tamanho da preocupação?

A resposta não é tão simples. Existe uma miríade de tipos e subtipos de câncer, e cada um tem uma chance maior ou menor de responder aos tratamentos existentes.

E novas pesquisas tornaram a oncologia uma área cada vez mais complexa: às vezes pode ser mais interessante, em vez de catalogar as doenças por órgão onde ocorrem, identificar que tipo de molécula as células tumorais estão produzindo, para aí escolher o tratamento mais efetivo.

Por exemplo, se a molécula HER2 estiver presente, é possível empregar a terapia-alvo conhecida como trastuzumabe, que apresenta bons resultados.

Apesar desse perfil molecular ser cada vez mais importante, ainda é importante saber a origem dos tumores e, sim, dependendo de onde eles estão localizados, o prognóstico pode variar bastante.

O prefeito paulistano Bruno Covas (PSDB-SP), de 39 anos, foi diagnosticado com câncer de estômago. O tratamento começará com quimioterapia e pode envolver cirurgia, a depender da resposta do tumor às drogas. O caso de Covas é um tanto complicado porque a doença já está avançada (uma metástase foi detectada no fígado).

Cerca de 30% dos pacientes diagnosticados com câncer de estômago permanecem vivos após cinco anos, de acordo com estatísticas americanas, além do tratamento, características individuais, como perfil genético e hábitos de vida podem determinar o sucesso do tratamento.

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Quais são os riscos de ter diabetes do tipo 1? https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/12/26/quais-sao-os-riscos-de-ter-diabetes-do-tipo-1/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/12/26/quais-sao-os-riscos-de-ter-diabetes-do-tipo-1/#respond Wed, 26 Dec 2018 20:24:17 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/4932175472_b6f247d8a5_o-320x213.jpg https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=1057 O diabetes do tipo 1 é uma doença caracterizada pela baixíssima produção de insulina pelo organismo. Trata-se de um hormônio que faz a glicose do sangue (proveniente da alimentação) entrar nas células para ser metabolizada.

As taxas elevadas de açúcar aumentam o risco de complicações, como doenças cardiovasculares, danos aos nervos, problemas renais, nos olhos, nos pés, entre outros.

A diferença em relação ao diabetes tipo 2 é que este depende mais do estilo de vida, afetando pessoas geralmente a partir dos 45 anos de idade e é caracterizado pela baixa eficácia da insulina já produzida (em vez de ausência). Já o tipo 1 geralmente aparece em indivíduos mais jovens, independentemente dos hábitos de vida.

Um estudo recente publicado na revista Lancet calcula, com base em dados populacionais da Suécia, que pessoas com diabetes tipo 1 vivem 16 anos a menos em relação a quem não tem a doença, no caso de quem recebe o diagnóstico antes dos 10 anos de idade. Para quem recebe o diagnóstico mais tarde, ainda permanece um prejuízo de cerca de 10 anos.

No Brasil o problema pode ser maior graças à dificuldade de obtenção de diagnóstico. O tamanho do prejuízo para a saúde é proporcional ao período no qual a doença fica sem controle (o que não depende somente do diagnóstico).

Entre os sintomas da doença estão sede elevada, urinação frequente, xixi na cama em crianças que já haviam passado por essa fase, perda de peso não intencional, fadiga e visão turva.

O diabetes tipo 1 não tem cura e o controle se dá com uso de insulinas, dieta, monitoramento dos níveis de glicose e com exercícios físicos, além de medicamentos, explica Fabio Trujilho, presidente da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia).

Ele lembra que um dos maiores problemas para quem está com a doença controlada são os eventos de hipoglicemia (quando o nível de açúcar no sangue cai mais do que deveria, causando sensação de mal-estar, desmaios e até mesmo morte), daí a importância de um manejo rígido da dieta e o uso dos tipos corretos de insulina (de ação rápida ou lenta, por exemplo), a fim de reduzir a frequência e a severidade desses episódios.


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Suplementos ajudam a emagrecer?

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Suplementos ajudam a emagrecer? https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/11/29/suplementos-ajudam-a-emagrecer/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/11/29/suplementos-ajudam-a-emagrecer/#respond Thu, 29 Nov 2018 23:50:44 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2018/11/Garcinia-Cambogia-Extract-Pure-Weight-Loss-Supplement-For-Women-And-Men-With-95-HCA-to-Block-Carbs-And-Burn-Fat-Thermogenic-Metabolism-Booster-for-793574994867-1295-500x500-320x213.jpeg https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=1023 Não é raro que as pessoas busquem atalhos para emagrecer, e alguns dos mais famosos personagens nessa guerra contra a balança são os chamados suplementos alimentares.

À primeira vista pode parecer conveniente ingerir algumas cápsulas por dia ou misturar algum pó na comida a fim de que a substância convença o organismo a gastar a gordura estocada, provocando emagrecimento.

O problema é que nem sempre —ou quase nunca— a gordura vai embora tão facilmente. Se mesmo no caso de medicamentos aprovados o efeito de emagrecimento é limitado, o que dizer de suplementos quem nem passam por testes tão rigorosos?

Um grupo de cientistas dos EUA está fazendo um grande esforço para tentar elucidar a questão. Eles apresentaram os primeiros resultados na Obesity Week, evento que aconteceu no começo deste mês na cidade americana de Nashville, no estado de Tennessee.

Apesar da profusão de possíveis tratamentos alternativos para a doença e do mercado potencialmente bilionário (são 2 bilhões de pessoas com obesidade e sobrepeso no mundo), há poucas evidências de que os suplementos funcionem (claro que a questão é complicada, tanto que publicamos recentemente na Folha uma reportagem que fala um pouco dos desafios enfrentados por quem tem obesidade).

Os pesquisadores analisaram mais de 14 mil estudos e constataram que aqueles feitos em humanos e que atendem a alguns critérios mínimos de qualidade são pouquíssimos, cerca de 300. Restaram alguns trabalhos sobre cálcio, vitamina D, chá-verde e quitosana, por exemplo.

Mesmo assim, o impacto desses tratamentos na perda de peso é limitado ou nulo. E às vezes pode ser até perigoso, como no caso de suplementos que contêm quantidades (não declaradas no rótulo) de hormônios tireoidianos ou substâncias emagrecedoras, como a sibutramina, gerando riscos cardiovasculares e hepáticos, entre outros.

A médica Katherine Saunders, da Universidade Cornell, disse que não é raro que pacientes obesos passem a consumir suplementos indicados por conhecidos e até mesmo deixem de lado o tratamento convencional —mudança de hábitos de vida e uso de medicamentos.

Assim, pelo que se sabe, provavelmente não vale a pena recorrer a suplementos. É mais negócio economizar o dinheiro e investir no acompanhamento de perto por profissionais de saúde.

O jornalista Gabriel Alves viajou a convite da Novo Nordisk


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Os vencedores foram o americano James Allison e Tasuko Honjo. Você pode ler um pouco mais sobre a pesquisa deles na reportagem publicada pela Folha nesta segunda (1º) no em seu site e na edição impressa desta terça (2).  Agora trago um relato um pouco mais emotivo.

O biomédico Jorge Scutti teve a chance de trabalhar diretamente com Allison no MD Anderson Cancer Center, no Texas. Ele conta para o Cadê a Cura? um pouco de sua trajetória e como foi conviver com o célebre imunologista.

Leia abaixo:

Como acabei trabalhando com James Allison, Nobel de medicina de 2018, por Jorge Augusto Borin Scutti

Imerso no mundo do “Laboratório de Dexter” (desenho animado bastante conhecido entre quem cresceu na década de 1990) e do “Mundo de Beakman” (série educativa talvez ainda mais famosa), tinha certeza que meu destino tinha a ver com ciências.

Certa vez, na quinta série, lembro-me de ser o único a me candidatar para permanecer os três períodos em pé em um estande para apresentar um projeto de ciências sobre fertilização in vitro.

Aos 18 anos comecei a cursar biomedicina no interior de São Paulo. Lá conheci a imunologista Renata Dellalibera-Joviliano: cada explicação sobre o sistema imune me fascinava. Foi amor à primeira vista!  Tornei-me monitor de imunologia, ciência que estuda o comportamento do sistema imune na saúde e nos diferentes estágios das doenças.

Formado, me mudei para São Paulo e consegui passar no temido e concorrido processo seletivo de mestrado da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Lá fui orientado por Luiz Travassos, um dos principais nomes da ciência brasileira, parceria que se repetiu no doutorado.

Minha linha de pesquisa abrangia o estudo do modelo de melanoma murino [em camundongos] e da imunologia de tumores —a meta era entender como o sistema imune poderia ser modulado por peptídeos (pedaços de proteínas, por assim dizer) não oriundos de células cancerosas. A ideia era elaborar um modelo de vacina que pudesse ser usado em pacientes com melanoma (uma ideia parecida havia vingado nos EUA, mas com peptídeos originários de células de melanoma).

Após cinco anos na Unifesp, comecei meu período de pós-doutorado (período de aperfeiçoamento usual na carreira de pesquisadores) no departamento de pediatria do MD Anderson Cancer Center em Houston, um dos centros de pesquisa e atendimento oncológico mais importantes no mundo, localizado no Texas.

Durante um ano desenvolvi um modelo de imunoterapia (em que o organismo é estimulado reagir ao câncer) baseado em células NK (que destroem células infectadas ou cancerosas) para combater um tipo de câncer cerebral infantil conhecido como glioma pontino difusamente intrínseco (DIPG).  

Findo o pós-doc, teve início em 2015 minha carreira como pesquisador da plataforma de imunoterapia do MD Anderson, liderada pelo agora nobelista James Allison.

Na época estávamos tentando entender por que razão alguns pacientes e alguns tipos de tumores respondiam melhor a determinados tratamentos baseados em imunoterapia, principalmente no caso de drogas como pembrolizumabe, nivolumabe e ipilimumabe —que mudaram o panorama do tratamento de vários tipos de câncer, reduzindo muito a mortalidade sem trazer tantos efeitos colaterais.

A ideia era encontrar marcadores que pudessem predizer quais pacientes teriam mais chance de sucesso.

Eu me encontrava com Jim Alisson periodicamente em nossa reunião semanal. É um sujeito inteligentíssimo, cavalheiro e extremamente humilde, apesar do vasto conhecimento. Ele adorava que os pesquisadores trouxessem desafios, sentia-se bem ao ser estimulado intelectualmente.

Foram três anos de muito aprendizado, de noites sem dormir, de viagens a congressos, de discussões longuíssimas… Mas tudo valeu pena.

Meu sonho é um dia acordar e descobrir que a cura para o câncer foi encontrada. Mas certamente uma parte do meu sonho foi realizada ao trabalhar com Jim (aqui um artigo que publicamos juntos). Nada mal para um menino que cresceu em Matão, no interior de São Paulo: guiado pelas mãos de Deus tive a honra de contribuir com os estudos de um ganhador do prêmio Nobel de Medicina.

Outras pessoas que me ajudaram e me inspirarem no caminho foram os colegas pesquisadores e amigos Mariana Conde Pineda e Luis Miguel Vence, além de minha esposa Yasmim e meus filhos Catharina e Thales.

Os pesquisadores Jim Allison e Jorge Scutti
Os pesquisadores Jim Allison e Jorge Scutti (crédito: Arquivo pessoal)

 

 


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Era o fim a teoria do miasma, espécie de ar maléfico que espalharia doenças, e início da epidemiologia moderna —uma das área das ciências médicas que mais se valem de cálculos. Embora mais de 150 anos tenham passado, o importante papel da matemática para a compreensão da dinâmica das doenças não mudou.

Em uma de suas linhas de pesquisa, Shweta Bansal, matemática da Universidade Georgetown, em Washington, investiga o comportamento da gripe, doença sazonal causada pelo vírus influenza e o papel das interações sociais para sua disseminação.

Ela conseguiu associar o pico de afecção de adultos ao recesso escolar que acontece em dezembro nos EUA. Outra possibilidade de explicação seriam as viagens para ver a família, mas o rigor matemático mostrou que elas não são decisivas.

O resultado, explica Bansal, pode ajudar as autoridades a elaborarem estratégi23as de prevenção, as quais se somariam às recomendações de vacinação e de higienização das mãos.

Para chegar a essas conclusões, a cientista analisou relatórios semanais, com número de diagnósticos separados por idade, produzidos por de mais de 400 mil médicos espalhados pelo país. As localidades foram identificadas por meio do CEP –algo não muito diferente, em essência, do que fez Snow.

Ajustes tiveram de ser feitos levando em conta, por exemplo, as pessoas que não procuram atendimento médico ou que não têm seguro saúde —responsável por prover parte das informações. Esses dados do mundo real, ou seja, fora de um contexto de estudo controlado, nem sempre são fáceis de se obter e têm de ser ajustados também, por exemplo, pela densidade populacional e de médicos.

Uma outra pesquisa de modelagem matemática aplicada à epidemiologia, comandada por Lora Billings, da Montclair State University, em Nova Jersey, conseguiu aproximar modelos clássicos de espalhamento de doenças à realidade adicionando apenas uma camada de complexidade: uma perturbação, ou ruído, no jargão da área.

O ruído não é uma entidade transcendental. Ele pode ser reflexo da chegada de um novo indivíduo contaminado ou da presença de reservatórios (animais contaminados com os agentes infecciosos).

Mesmo em condições de aparente tranquilidade epidemiológica, pequenos surtos de ebola começaram a pipocar em países como Libéria, Serra Leoa e Guiné antes do grande boom. Resultado: mais de 11 mil mortos entre 2014 e 2016. Após um curto período mais silencioso, neste ano de 2018 já houve um novo surto na República Democrática do Congo.

A partir desse exemplo é possível visualizar a dificuldade de lidar também com outras doenças infecciosas, como dengue, zika e chikungunya.

O mosquito Aedes aegypti já chegou a ser declarado erradicado no Brasil na década de 1950 —e aqui estamos, em um cenário rico em surtos e no qual se busca vacinas para tentar conter a expansão das arboviroses (apesar da intensificação recente de manifestações antivacina, vale notar).

As duas cientistas americanas estão no Brasil a convite do consulado dos EUA, em uma iniciativa para promover colaborações científicas entre os dois países. Entre as possibilidades, diz Billings, está o estudo de como a mudança climática pode interferir no espalhamento das doenças transmitidas pelo Aedes.


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É uma redução importante, já que esse grupo de doenças afeta de 5% a 10% das pessoas acima de 60 anos.

Estudos anteriores já haviam detectado a possibilidade de o consumo moderado de álcool ter um efeito protetor contra demências, mas, dessa vez, com mais de 9.000 pessoas observadas desde a década de 1980, os resultados têm maior robustez.

O mecanismo pelo qual se dá essa proteção provavelmente tem a ver com o impedimento da formação de placas da proteína beta-amiloide no cérebro, embora isso não esteja completamente elucidado.

No caso da relação entre uso de álcool e demência, assim como em outros, diz-se que o risco se comporta como uma curva em “J” ou em “U”, com valores mais elevados nas pontas (nenhum uso e uso excessivo), em relação a uma faixa central de menor risco.

Além dos abstêmios, quem bebe mais do que 14 doses semanais também tem risco aumentado para desenvolver demências —17% a mais a cada sete doses excedentes.

Uma dose equivale a cerca de 355 ml de cerveja, 150 ml de vinho ou 44 ml de destilado, segundo o Instituto Nacional para o Abuso de Álcool e Alcoolismo dos EUA, e contém cerca de 14 gramas de álcool puro.
Os motivos para os abstêmios terem maior risco, ao menos em parte, se deve à maior presença, nesse grupo, de doenças cardiovasculares e metabólicas.

O resultado da pesquisa, porém, não deve servir de encorajamento para aumentar o consumo de álcool, escrevem os autores do estudo, de instituições da França e do Reino Unido.

“Sabendo que o número de pessoas vivendo com demência deve triplicar até 2050, e que não há cura, a prevenção é crucial. Nós mostramos que tanto a abstinência quanto o uso excessivo de álcool pode aumentar o risco da doença. As diretrizes do Reino Unido sugerem um limite de 14 doses semanais, mas o limite de muitos outros países é superior a esse. Este estudo encoraja a adoção de um limite mais baixo nessas diretrizes, algo aplicável para toda a vida adulta, com a meta de promover saúde cognitiva”, concluem.

DIABETES

Outro estudo, este de 2017 e conduzido na Dinamarca, mostrou mais um possível benefício do álcool na prevenção de diabetes tipo 2. Ele foi publicado na revista Diabetologia.

Dados de mais de 70 mil pessoas acompanhadas por 23 anos foram analisados e foi constatado que homens que bebem 14 doses semanais têm chance até 43% menor de desenvolver a doença. Para as mulheres, o benefício máximo é atingido com 9 doses semanais e a probabilidade de ter a doença é reduzida em 58%.

Para esse efeito benéfico, mais importante do que a quantidade semanal é a regularidade no consumo.

Diferentemente das demências, porém, o consumo de mais doses não está associado a um risco aumentado de desenvolver diabetes em relação a quem é abstêmio. Outros fatores como IMC (índice de massa corporal), dieta e propensão genética são mais importantes.

Quem já tem diabetes, no entanto, deve adotar uma série de precauções, como intercalar bebida alcoólica e água, evitar drinques e produtos que contenham açúcar e jamais deixar de se alimentar antes de beber.
Especialistas dizem ainda que o álcool não pode ser usado como tratamento para baixar a glicemia, dado seu comportamento imprevisível. Ou seja, os riscos superam os benefícios.

Os estudos do BMJ e da Diabetologia, apesar de interessantes, não são uma resposta definitiva para possíveis benefícios do álcool para a prevenção de doenças —não há consenso entre médicos e estudiosos.
O álcool está ligado a 3,3 milhões de mortes anuais e os motivos vão desde acidentes de carro até doenças causadas pela substância, como cirrose e cânceres.


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