Cadê a Cura? https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br Sobre doenças e suas complicações e o que falta para entendê-las e curá-las Thu, 19 Mar 2020 00:39:51 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Por que as pessoas mentem para os médicos? https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/12/07/por-que-as-pessoas-mentem-para-os-medicos/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/12/07/por-que-as-pessoas-mentem-para-os-medicos/#respond Fri, 07 Dec 2018 20:21:52 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2018/12/186958_web-320x213.jpg https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=1034 As pessoas, vez ou outra, mentem para os médicos e outros profissionais da saúde. Mas qual o sentido de mentir se, quanto mais o profissional sabe a respeito do paciente, melhor é o cuidado?

Um estudo americano conduzido com 4.510 indivíduos aponta que de 60% a 80% das pessoas (idosos e jovens, respectivamente) omitem ao menos uma informação importante de seus médicos, como:

  • não entender as instruções dadas pelo profissional de saúde;
  • discordar das recomendações;
  • não se exercitar regularmente;
  • ter dieta não saudável;
  • tomar determinado medicamento;
  • não seguir as instruções de prescrição;
  • tomar medicamento de outra pessoa.

Várias são as explicações para as omissões de informações importantes. As cinco respostas mais citadas foram estas:

  • evitar ser julgado ou levar sermão;
  • não querer sabe o quão perigosa foi a atitude em questão;
  • vergonha;
  • não passar a impressão de que é um paciente difícil de lidar;
  • não tomar muito tempo do profissional.

Além do óbvio, que pacientes (especialmente os enfermos) podem ser mal assistidos por causa das informações incorretas ou faltantes, os autores concluem que é preciso encontrar meios de melhorar o nível de confiança entre pacientes e profissionais de saúde e de deixar os pacientes confortáveis para falar o que tem que ser dito.

“Fiquei surpresa com o número substancial de pessoas que não fornecem informações inofensivas, e que elas admitem isso”, diz Andrea Gurmankin Levy, autora do estudo e pesquisadora na Middlesex Community College, em Middletown (Connecticut, EUA). “Nós também temos que considerar uma interessante limitação do estudo de que os pacientes podem ter escondido informações sobre o que escondem dos médicos, o que significaria que estamos superestimando o quão prevalente é esse fenômeno.”

“Se pacientes não falam o que comem ou que remédio tomam, pode haver implicações significativas para a saúde. Especialmente se eles têm doenças crônicas”, diz Levy.

A pesquisa está publicada na revista Jama Network Open.


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Um terço das causas de demência são evitáveis, aponta estimativa da revista ‘The Lancet’ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/07/21/demencia-e-evitavel/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/07/21/demencia-e-evitavel/#respond Fri, 21 Jul 2017 20:59:48 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2017/07/4340763376_2d5cf25148_b1-180x120.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=747 A renomada revista médica “The Lancet” recrutou duas dúzias de pesquisadores (de países como Reino Unido, EUA e Noruega) para formar uma força-tarefa e responder uma única questão: quantos casos de demência são evitáveis?

A resposta final, baseada em estimativas: 35% e mais de 40 páginas de outras considerações. Parece assustador saber que uma a cada três pessoas com demência poderia não estar doente. E igualmente terrível é o custo: se são gastos US$ 818 bilhões anualmente com a doença para tratar 47 milhões de pessoas. O estudo foi publicado nesta quinta (20).

E o problema vai aumentar (principalmente nos países mais pobres). Estima-se que em 2030 haverá 75 milhões de pessoas com demência no mundo, ao custo de mais de US$ 2 trilhões.

Na hipótese de não haver nenhuma grande inovação tecnológica que mude o paradigma atual, centenas de bilhões de dólares poderiam ser economizados anualmente só trabalhando com os casos evitáveis.

O estudo conseguiu elencar alguns “culpados” pelo atual panorama da demência. Pelo menos um deles aparece logo cedo na vida: a falta de educação formal na infância. Essa deficiência corresponde a oito pontos percentuais dos 35% em questão. Pode parecer estranho à primeira vista, mas uma mente alfabetizada e intelectualmente estimulada tem, sim, menor propensão à demência.

Na fase adulta aparecem outros fatores importantes: perda auditiva (nove pontos percentuais); hipertensão (dois pontos percentuais) e obesidade (um ponto percentual).

Mais adiante na vida chega a conta de outros hábitos: fumo (cinco pontos percentuais); depressão (quatro pontos percentuais); inatividade física (três pontos percentuais); isolamento social (dois pontos percentuais) e diabetes (um ponto percentual).

Figura, em inglês, sumarizando os fatores de risco para o desenvolvimento de demência. Crédito: Reprodução

Somando todos esses fatores, chegamos aos 35%. Sobra 65% para outros, sejam genéticos e ambientais. Um dos possíveis fatores genéticos é a mutação no gene da Apolipoproteína E (que, sozinha, responde por 7 pontos percentuais desses 65%); há mais de 30 outras regiões no genoma possivelmente associadas à doença.

Com a ideia de resumir a mensagem, os pesquisadores elaboraram uma lista com dez afirmações ou propostas para lidarmos melhor com as demências:

1. O número de pessoas com demência está crescendo globalmente, apesar de a incidência em alguns países ter caído

2. Devemos ser ambiciosos com relação à prevenção. É recomendável que haja tratamento ativo da hipertensão em pessoas entre 45 e 65 anos e também nos maiores de 65 que não têm demência a fim de reduzir a incidência dessas doenças. Outras atitudes são ampliar a oferta educacional na infância, de exercício físico, estimular a manutenção de laços e de atividades sociais, combater o fumo, prevenir e tratar a perda auditiva, a depressão, o diabetes e a obesidade.

3. Para maximizar a cognição, pessoas com doença de Alzheimer ou demência com corpos de Lewy devem ter acesso a remédios conhecidos como inibidores de colinesterase em todos os estágios. Essas drogas não funcionam no caso de comprometimento cognitivo leve.

4. Individualizar o cuidado do paciente com demência, tanto do ponto de vista médico quanto social. Deve haver um ajuste às necessidades individuais e culturais. Deve haver suporte para familiares que agem como cuidadores.

5. Os familiares que cuidam de pessoas com demência têm alto risco de depressão. Algumas estratégias podem reduzir essa probabilidade e os sintomas devem ser tratados.

6. Pessoas com demência e suas famílias valorizam discussões sobre o futuro e sobre quem será o responsável por tomar decisões legais. Profissionais de saúde devem ter capacidade de vislumbrar diferentes caminhos ao fazer o diagnóstico.

7. Pessoas com demência devem ser protegidas do risco de vulnerabilidade cognitiva, social, financeira, direção de veículos e do uso de armas, além do autonegligenciamento. Apesar disso, deve ser pesado o direito da pessoa a ter autonomia.

8. Cuidar dos sintomas neuropsiquiátricos da demência, incluindo agitação, anedonia e psicose tanto do ponto de vista social, psicológico e ambiental, mas também do farmacológico –importante no caso de sintomas mais severos

9. Um terço das pessoas mais velhas morre com demência. Por isso, é essencial que profissionais trabalhando com cuidados paliativos tenham isso em mente –já que essas pessoas podem não conseguir fazer decisões e expressar os próprios desejos e necessidades.

10. Intervenções tecnológicas têm o potencial de melhorar o cuidado, mas não devem substituir o contato social

“Apesar de a demência ser geralmente diagnosticada tardiamente, as alterações cerebrais geralmente têm início anos antes, com os fatores de risco para o desenvolvimento da doença surgindo no decorrer da vida, não só na idade avançada. Nós acreditamos que uma abordagem mais ampla na prevenção da demência que reflita na mudança desses fatores de risco beneficiará nossas sociedades –que estão envelhecendo– a reduzir o crescente número de casos de demência ao redor do mundo”, diz Gill Livingston, professor na Universidade College London e primeiro autor do estudo

“A demência seletivamente afeta os mais velhos e frágeis, as mulheres, e quem está em desvantagem socioeconômica e educacional. Ela cala as vozes das pessoas vivendo com essa condição, justamente quando elas mais precisariam ser ouvidas.” escreveu em um comentário, Martin Prince , professor do King’s College London.

Entre as limitações do estudo, elencam os autores, estão a ausência de um peso (em pontos percentuais) para a dieta e para o consumo de bebidas alcoólicas. Também há a possibilidade de educação continuada, ao longo da vida, ter impacto positivo –algo também não pôde ser contabilizado.


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Depoimento: ‘Praticar exercícios físicos foi o que me deu motivação para conseguir vencer o câncer’ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/06/09/exercicio-e-cancer-depoimento/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/06/09/exercicio-e-cancer-depoimento/#respond Fri, 09 Jun 2017 10:15:46 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2017/06/15337172_1151418971578803_428041129105660313-180x180.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=695 A fisioterapeuta Roberta Perez, 28, afirma que o exercício físico e a adoção de hábitos alimentares saudáveis foram cruciais no tratamento e na recuperação após descobrir um câncer de mama, no ano passado.

No depoimento abaixo, produzido especialmente para o blog Cadê a Cura?, Roberta relata que os médicos oncologistas ainda se esquecem de recomendar que seus pacientes pratiquem atividades físicas. No caso dela, valeu a pena ser “desobediente” e, de corrida em corrida, chegar mais perto do objetivo de se curar. Ela compartilha outras experiências e pensamentos em sua conta do Instagram @vai.por.mim_. Boa leitura!

 

*

 

Quando recebi o diagnóstico do câncer, fui bombardeada com inúmeras informações sobre a doença, o prognóstico, o tratamento e seus efeitos colaterais. Como uma boa paciente, segui todas as recomendações à risca.

No início do segundo protocolo de quimioterapia, fui alertada pela minha oncologista sobre as fortes dores musculares que eu poderia sentir e recebi uma prescrição de analgésicos e relaxantes musculares, já que a intensidade do desconforto poderia progredir ao longo dos 12 ciclos de aplicações.

Comecei a sentir muita dor logo após a primeira sessão, mas me recusei a tomar os remédios (eu já estava usando muitos medicamentos e não gostava da ideia ter que adicionar mais um à lista).

Para tentar esquecer aquela sensação, fui caminhar no parque com meu marido –para nossa surpresa, as dores cessarem. Comecei, então, a caminhar todos os dias, o que me deixava mais disposta e menos cansada, até que um dia eu arrisquei uma corridinha… e só cansei após dois quilômetros!

Contei tudo para a oncologista na consulta seguinte. Ela ficou admirada e me explicou que a prática de atividade física, na verdade, é recomendada, só que os médicos normalmente não orientam seus pacientes a se mexerem –diante de uma realidade tão debilitante como a do câncer, os exercícios não são bem aceitos.

Foi assim que descobri que eu poderia fazer alguma coisa pela minha saúde, e o exercício, que antes do câncer era somente para emagrecer, passou a integrar o tratamento. Os resultados foram incríveis, tanto os físicos quanto os psicológicos.

Fiquei mais alegre, animada, aceitei melhor minha imagem e recuperei a autoestima. Enfim, essa prática me deu mais motivação para vencer a doença e viver bem.

Outro aspecto importante foi o controle do peso. Logo no início do tratamento somos informados sobre o inchaço causado pelos corticoides e o grande risco de ganhar alguns quilos no processo.

O problema é que os médicos normalmente só dizem o que não podemos comer –por causa da possível interferência no tratamento– e não nos orientam no sentido de minimizar o ganho de peso.

Aprendi que boa parte do peso extra vem por descuido das pacientes, que consideram os excessos justificáveis diante de um tratamento tão debilitante.

Sabendo disso, procurei uma nutricionista. Ela elaborou um ótimo plano para suprir as demandas metabólicas e nutricionais do meu corpo, respeitando minhas restrições (como alguns alimentos que me deixam enjoada) e meu paladar, além de indicar alimentos mais naturais, sem conservantes.

Não sei se o meu caso pode servir de exemplo para todos os pacientes que têm ou que tiveram câncer, mas acho importante que todos saibam que, sim, existem medidas que nós podemos adotar e que têm um grande impacto na qualidade de vida e no prognóstico –seja comer melhor ou se esforçar para sair da cadeira e dar uma volta no parque.


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Médicos querem ampliar o uso de emagrecedores e resgatar drogas ‘banidas’ pela Anvisa https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/05/30/mais-drogas-emagrecedoras/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/05/30/mais-drogas-emagrecedoras/#respond Tue, 30 May 2017 12:07:38 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2017/05/desobesi-m-180x120.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=685 No ano de 2011 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma norma que suspendeu a venda e a distribuição de alguns medicamentos emagrecedores que agem na área do cérebro que comanda a fome. Desde então, na opinião de médicos que se reuniram no 17º Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica, realizado no último mês de abril em Olinda (PE), há uma espécie de vácuo nas opções medicamentosas para tratar a obesidade.

As drogas “banidas” pela Anvisa em 2011 são a anfepramona, o mazindol e o femproporex –e chegaram a ser comercializadas por décadas. Em comum, essas drogas têm a características de serem aparentadas das anfetaminas e de terem efeito anorexígeno, ou seja, em tese são capazes de reduzir a vontade de comer –e, por conseguinte, a ingestão calórica.

Essa proibição causou muito ruído na comunidade médica e, desde aquele ano tramita na Câmara um projeto de lei (2.431/2011, do deputado Felipe Bornier, do Pros-RJ) que proíbe a Anvisa de “cancelar o registro sanitário ou de adotar qualquer outra medida que impeça a produção ou a comercialização” desses anorexígenos e da sibutramina –medicamento cuja compra hoje requer retenção de receita.

Segundo a presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade da Síndrome Metabólica (Abeso) Maria Edna Melo, esses medicamentos eram ferramentas importantes e tinham um resultado clínico “real”.

O problema, afirmou a Anvisa à época, é a ausência de estudos que mostrem eficácia –geralmente definida redução de mais que 5% do peso corporal inicial– dessas moléculas. Os resultados, afirmou a agência, não justificam os riscos relacionados aos efeitos colaterais.

Por serem estimulantes parecidos com a anfetamina, essas drogas têm ação no sistema nervoso central e existe a chance de complicações psiquiátricas em alguns pacientes.

Nesse caso, afirma o endocrinologista Antonio Carlos do Nascimento, uma boa avaliação inicial que busque sinais de depressão, por exemplo, seria o suficiente para evitar a maior parte das complicações.

“Em mãos habilidosas, esses remédios podem ter ótimos resultados –eles passaram pelo crivo do tempo. O problema era a maneira com a qual vinham sendo prescritos, por médicos não especialistas. Às vezes só se nota o efeito colateral na hora de um maior estresse, quando o paciente já está emagrecendo”, diz

Outro argumento a favor da suspensão é que as agências regulatórias europeia e americana também adotaram posturas duras –e algumas das drogas nem têm registro por lá.

Uma questão relevante para a decisão no começo da década foi o abuso. As drogas  eram baratas e facilmente obtidas sem receita. 

O baixo preço, segundo Maria Edna, também afasta o interesse das farmacêuticas em patrocinar eventuais novos estudos de segurança e eficácia, necessários para uma nova solicitação de registro. Para ela, a melhor saída é fazer lobby pela aprovação do projeto de lei que está em tramitação.

OPÇÕES

Mais da metade dos brasileiros está acima do peso ideal, segundo a pesquisa Vigitel, inquérito telefônico realizado pelo governo federal. O índice de obesidade chega a 23% entre os adultos.

Para tentar tratar essa questão clinicamente, entre as novas opções terapêuticas está a liraglutida, comercializada com os nomes de Saxenda e Victoza, esta última tem dose máxima menor é usada para o tratamento de diabetes. Ambas as marcas pertencem à farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk.

A droga, injetável, custa cerca de R$ 1.000 por mês e, segundo estudos mais recentes, ela pode ser usada cronicamente, até mesmo em combinação com outras terapias, sem grandes efeitos colaterais.

Uma outra droga, a lisdexanfetamina, vendida como Venvanse pela farmacêutica Shire e originalmente direcionada para o transtorno de déficit de atenção, pode ser a nova queridinha dos endocrinologistas.

A droga também tem um efeito emagrecedor importante e tem até sido prescrita para esta finalidade no Brasil, apesar da ausência de indicação oficial –mesmo caso pelo qual passou a liraglutida. A caixa com 28 comprimidos pode custar até R$ 400.

Para o endocrinologista Antonio Carlos do Nascimento, apesar de haver algumas opções no mercado, a falta de acesso vai continuar existindo por causa do preço das novas drogas.

Um efeito colateral da escassez de opções baratas de tratamento medicamentoso, dizem os médicos ouvidos pela reportagem, é o excesso de cirurgias bariátricas e a deterioração da saúde das pessoas, que sofrem mais tempo com as complicações decorrentes da obesidade –como doenças circulatórias e diabetes.

O jornalista GABRIEL ALVES viajou para Olinda (PE) a convite da farmacêutica Novo Nordisk

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Que doença ganhará uma cura em 2017? https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/01/01/que-doenca-ganhara-uma-cura-em-2017/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/01/01/que-doenca-ganhara-uma-cura-em-2017/#respond Sun, 01 Jan 2017 13:03:31 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2016/12/7505286308_7e14a047b7_k-180x106.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=519 Aposto que a maioria dos leitores, se tivessem que escolher uma doença para ganhar uma nova cura, optariam pelo câncer.

O problema é que o que o câncer tem de avassalador, também tem de complexo. São dezenas de doenças diferentes rotuladas como câncer –com drogas e abordagens mais (ou menos) efetivas para cada caso.

A grande conquista da oncologia nos últimos anos foi a consolidação da imunoterapia para o combater essas moléstias. E isso mudou um pouco esse panorama de que cada tipo de câncer tem apenas um restrito conjunto de abordagens capaz de tratá-lo.

Os imunoterápicos (que são anticorpos produzidos para atacar/neutralizar alvos específicos –leia mais aqui e aqui) se tornaram a grande aposta da área oncológica das indústrias farmacêuticas não só porque conseguem estender a sobrevida dos pacientes, mas também por serem versáteis em atuar sobre vários tipos de tumor.

Os mesmos imunoterápicos que estimulam a ação do sistema imunológico contra um câncer de pulmão também podem ser particularmente eficazes no tratamento de melanoma, por exemplo.

No entanto, os especialistas da área não pensam que os imunoterápicos vão dar conta de todo e qualquer câncer –e nem que irão substituir completamente os quimioterápicos convencionais ou a radioterapia. Uma pena.

CORAÇÃO

Mesmo com o “favoritismo” do câncer como candidato a receber uma cura, talvez a maior parte de nós morra de doenças cardiovasculares, como infarto e derrame.

Apesar de constantes e até significativos incrementos na maneira de conduzir esses quadros (como a injeção de microbolhas e as já bastante respaldadas estatinas), a melhor maneira de evitar essas situações é adotar um estilo de vida que inclui hábitos alimentares adequados e atividade física e momentos de relaxamento em uma quantidade otimizada.

Quando acontece algo, muitas vezes não há tempo para agir. Nessa área, prevenção é a chave –nada de nova cura em 2017.

GENES

Guardei o melhor para o final. As doenças mais fáceis de serem curadas são aquelas com uma causa muito bem definida.

Se uma pessoa, por exemplo, vive em um local úmido, embolorado, a chance de ter tuberculose aumenta bastante. Removê-la do local, ou promover uma transformação de forma a arejar e permitir a entrada do sol no imóvel diminui sobremaneira a incidência da doença (veja uma reportagem a respeito).

Outros casos de bons candidatos a terem uma cura são doenças infecciosas para as quais existem vacinas. Para breve (não necessariamente em 2017), podemos esperar uma importante redução dos casos de dengue, por causa da vacina já lançada (da Sanofi) e das que ainda ainda estão sendo estudadas (como a do Instituto Butantan e a da farmacêutica Takeda).

Logo virão vacinas contra zika também –já se estuda uma modalidade pentavalente, com o imunizante atuando contra os quatro tipos de vírus da dengue (DENV1 a DENV4) mais o vírus da zika (ZIKV).

A boa resolução dos surtos de ebola na África é prova de que as vacinas ainda podem trazer muitos benefícios para a humanidade. Quem sabe em 2017 tenhamos uma boa notícia com relação ao combate à Aids, por causa de mais uma delas? A África do Sul está sediando um ensaio clínico.

Por fim, a mais forte esperança é que aquelas doenças causadas por mutações genéticas, como distrofias musculares, hemofilia, daltonismo e algumas síndromes raras possam encontrar  uma cura por meio de  terapia genética (que visa corrigir o erro do DNA nas próprias células humanas). A promessa é que a aplicação da técnica conhecida como Crispr (leia mais a respeito aqui e aqui) resolva esses e muitos outros problemas. A ver em 2017.


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Será que a Olimpíada vai conseguir tirar o brasileiro do sofá? https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2016/08/10/sera-que-a-olimpiada-vai-conseguir-tirar-o-brasileiro-do-sofa/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2016/08/10/sera-que-a-olimpiada-vai-conseguir-tirar-o-brasileiro-do-sofa/#respond Wed, 10 Aug 2016 05:02:35 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2016/08/GYMNASTICS-OLY-2016-RIO_58069677-180x120.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=321 Assistir a corpos esculturais em movimento executando tarefas improváveis de alguma maneira motiva as pessoas? Será que o leitor é uma daqueles que assistem a uma partida de vôlei ou a uma luta de judô e correm para a praça ou para o clube para praticar ou conhecer de perto a modalidade?

Parece que a maioria não se encaixa nessa categoria. No Rio, 75% da população nunca ou quase nunca faz alguma atividade física de 30 minutos pelo menos uma vez por semana. O panorama nacional não é diferente. A pergunta que surge agora é esta: será que os Jogos podem mudar esse cenário?

O retrospecto não é favorável. Há estudos que afirmam que a Olimpíada de Londres, com relação à inatividade física, teve impacto nulo ou negativo.

É lamentável, principalmente se colocarmos na balança o fato de que havia um planejamento e uma expectativa de melhora nos índices por lá –embora eles sejam mais ativos no Reino Unido do que somos no Brasil.

Também em Olimpíadas anteriores, como a de Pequim ou a de Atenas, ninguém conseguiu detectar de forma inequívoca que as pessoas passaram a ficar menos tempo no sofá e mais nas quadras, academias ou tatames.

Isso não quer dizer que se deve parar de tentar –a história não está fadada a se repetir a cada quatro anos. Aí vem a questão: o que que podemos fazer de diferente para aumentar as chances de sucesso no combate à inatividade física? Se alguém soubesse, seriam anualmente 5 milhões de mortes a menos por problemas relacionados à ausência de movimento (como diabetes ou câncer).

Mais praças, campos, ginásios e outras opções de lazer e de esporte acessíveis e gratuitas certamente ajudam, mas há necessidade de ir além: supondo que essas opções estejam disponíveis, como convencer a multidão de sedentários a utilizá-las?

Será pelo medo, como aquele sujeito que infartou e, para evitar um novo episódio, resolve entrar na linha e correr seis quilômetros diariamente? Será convencendo as pessoas de que fazer exercício é prazeroso e que deve haver alguma modalidade, seja dança ou rúgbi, em que elas se encaixem?

A Olimpíada pode ser uma boa oportunidade para quem aposta na segunda hipótese. Claro que ela não resolve décadas de políticas públicas insuficientes, mas, pelo menos, nos dá uma chance quadrienal para pensar no que estamos fazendo de errado.


Essa foi a segunda de três colunas “olímpicas” sobre saúde de minha autoria que serão publicadas no caderno especial “Rio 2016”, da Folha. Elas saem às quartas. As versões on-line podem ser encontradas aqui no blog “Cadê a Cura?”

Leia a coluna anterior:

Risco de zika na Olimpíada é baixo, mas vale deixar kit com camisinha e repelente a postos

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