Cadê a Cura? https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br Sobre doenças e suas complicações e o que falta para entendê-las e curá-las Thu, 19 Mar 2020 00:39:51 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Falta de proteína na dieta está associada à síndrome da zika em bebês https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2020/01/14/falta-de-proteina-na-dieta-esta-associada-a-sindrome-da-zika-em-bebes/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2020/01/14/falta-de-proteina-na-dieta-esta-associada-a-sindrome-da-zika-em-bebes/#respond Tue, 14 Jan 2020 10:06:09 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2020/01/zika1-320x215.png https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=1232 Cientistas do Brasil, Argentina, EUA e Inglaterra conseguiram adicionar mais uma peça ao quebra-cabeça da zika. Eles descobriram que a falta de proteína na dieta da mãe está associada a uma maior chance de o filho sofrer com os efeitos da infecção.

Os pesquisadores, coordenados por Patrícia Garcez, da UFRJ, relatam os novos achados na última edição da revista Science Advances.

Já se sabia que a maior parte dos casos da síndrome congênita da zika (ou SCZ, cujos efeitos vão além da microcefalia) surgiram no Nordeste, especialmente em regiões pobres. Os cientistas calcularam que existe uma correlação baixa, porém significante (ou seja, que não pode ser desprezada) entre as taxas de crianças nascidas com microcefalia e de pessoas desnutridas em 24 estados com áreas na região tropical.

Na primeira etapa da pesquisa, 83 mães de crianças com SCZ residentes no Ceará foram entrevistas para avaliar seus hábitos alimentares durante a gestação. Dessas, 37% tinham uma ingestão proteica abaixo do recomendado (61 gramas ao dia). A ingestão das mães da amostra em média era de 64 g/dia, abaixo da média regional, de cerca de 70 g/dia.

A proteína é um macronutriente está presente em quase todos os alimentos, mas em maior quantidade em carnes, ovos, iogurte, queijo, ervilha, feijão e soja, por exemplo.

Trata-se de uma das frações mais valiosas da dieta de uma pessoa, tanto no sentido monetário quanto metabólico. No caso de desnutrição proteica, é possível que a pessoa esteja até mesmo acima do peso, por causa do excesso dos outros macronutrientes (carboidratos e gorduras). Seu organismo, contudo, se ressente, com a imunidade e funções de reparo e regeneração prejudicadas.

Numa segunda etapa do estudo, foram utilizados camundongos para entender experimentalmente se a desnutrição materna poderia de alguma maneira favorecer a infecção pelo vírus da zika em fetos.

Havia quatro grupos: grupo controle (camundongos sem intervenção), grupo infectado com zika, grupo com dieta de baixa proteína e o grupo infectado e que recebeu dieta de baixa proteína.

Alguns animais do grupo infectado submetido a dieta hipoproteica apresentaram anormalidades da placenta, com uma estrutura degenerada que permitia uma mistura do sangue da mãe com células do feto.

Faz sentido pensar que essa degeneração pode funcionar como uma avenida para o vírus da zika infectar o feto. E os filhotes, de fato, apresentaram um cérebro menor, com menos proliferação celular, e cortex cerebral (área considerada mais nobre) reduzida.

Figura mostra diferença no tamanho do cérebro e na espessura do córtex em filhotes de camundongos provocada pela infecção pelo vírus da zika associada à dieta materna com pouca proteína (Reprodução/Science Advances)

“A infecção pelo vírus da zika é um processo patológico complexo no qual a magnitude das anomalias congênitas não está somente associada à carga viral em cada tecido. Fatores indiretos como o dano à placenta também pode ter papel importante”, escrevem os autores no artigo. Para eles, aprofundar o conhecimento da síndrome é crucial para encarar futuras epidemias.

“Só melhorar a dieta não vai ajudar a proteger contra as infecções pelo vírus da zika, mas ela pode determinar a severidade da síndrome congênita”, diz Zoltán Molnár, professor de fisiologia de Oxford, em comunicado à imprensa.

Além da desnutrição, outros fatores podem ajudar a explicar a síndrome congênita da zika: carga genética, infecção anterior pelo vírus da dengue e até mesmo contaminação por uma toxina.


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Refrigerantes e sucos, mesmo os naturais, podem aumentar risco de câncer https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2019/07/11/refrigerantes-e-sucos-mesmo-os-naturais-podem-aumentar-risco-de-cancer/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2019/07/11/refrigerantes-e-sucos-mesmo-os-naturais-podem-aumentar-risco-de-cancer/#respond Thu, 11 Jul 2019 05:16:19 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2019/07/24425410396_689513a0d2_k-320x215.jpg https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=1113 Um estudo publicado nesta quarta (10) na revista científica BMJ traz um alerta importante: bebidas açucaradas podem aumentar risco de uma pessoa desenvolver câncer.

A pesquisa foi conduzida por uma dúzia de pesquisadores da França a partir dados de mais de 100 mil pessoas acompanhadas por até nove anos, entre 2009 e 2018. Nesse período surgiram 2.193 novos casos de câncer nos pacientes.

Segundo os cientistas, para cada 100 ml de aumento no consumo diário de bebidas açucaradas, a chance de desenvolver câncer aumenta em 18%. No caso de câncer de mama, o mais comum entre as mulheres, o risco aumenta em 22% para cada 100 ml de consumo diário.

Os pesquisadores também investigaram o câncer de próstata, o de intestino e o de pulmão, mas não foi possível encontrar a relação especificamente para esses casos, provavelmente devido ao período relativamente curto de acompanhamento e ao baixo número de tumores desses tipos. Os participantes do estudo tinham em média 42,2 anos de idade e os casos de câncer apareceram em média aos 58,5.

Bastante questionados em outros estudos, os adoçantes passaram incólumes desta vez: não houve associação da ingestão de bebidas adoçadas com eles e a incidência de câncer.

Uma das possibilidades para explicar a ligação entre açúcar e câncer é a obesidade, mas, no caso, esse possível fator de confusão já foi descontado nas estatísticas do estudo do BMJ. No entanto, os cientistas argumentam que é possível que o excesso no consumo de açúcar contribua para o aumento da chamada gordura visceral, mesmo sem alterar o peso corporal de maneira importante. Essa gordura está associada a uma saúde metabolicamente ruim.

Outra possibilidade é que o excesso de açúcar, ao chegar na corrente sanguínea, suscite uma reação inflamatória no organismo, o que pode aumentar as chances de um tumor nascer e se estabelecer no organismo.

(O excesso de açúcar no sangue, evento mais comum em pessoas com diabetes não controlado, também causa o que os bioquímicos chamam de glicação — evento no qual as moléculas de glicose, um açúcar, se grudam em proteínas e em outas estruturas biológicas, prejudicando sua função normal e aumentando a chance de complicações como retinopatia diabética e AVC.)

“Sabe-se que o açúcar, por si só, é um ingrediente tóxico para as células do corpo, mas não é para demonizar nem acabar com os refrigerantes ou com os sucos de frutas. É preciso ter bom senso. Nada em exagero”, diz Mario Carra, presidente do departamento de obesidade da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia).”

“Fazer alguma atividade física e ter uma alimentação mais regular ajudam a você a não ganhar peso, a não ganhar gordura visceral. Consequentemente, o açúcar que você ingere do refrigerante e do suco de fruta vai ter menos importância no surgimento de tumores”, diz o médico.

No trabalho, os autores argumentam que existem na literatura médica poucos estudos a respeito da relação entre consumo de açúcar e câncer e que um dos maiores estudos na área foi financiado por uma fabricante de refrigerantes.

Algo digno de nota para os autores é o fato de até mesmo os sucos 100% fruta, e não somente os refrescos e os refrigerantes, entrarem na lista dos que podem trazer danos à saúde.

“Se estes resultados forem replicados em outros estudos prospectivos de larga escala e apoiados por dados experimentais mecanísticos, e dado o grande consumo de bebidas açucaradas nos países ocidentais, essas bebidas representariam um fator de risco modificável para a prevenção do câncer, além de seu impacto já conhecido na saúde cardiovascular e metabólica”, escrevem os autores.

“Estes dados corroboram a relevância das recomendações nutricionais existentes para limitar o consumo de bebidas açucaradas, incluindo os sucos 100%  fruta, bem como outras ações, como impostos e restrições de marketing direcionados para essas bebidas”, concluem.


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Zika pode prejudicar cérebro muito tempo depois da infecção, mostra estudo em roedores https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/06/07/zika-adulto/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/06/07/zika-adulto/#respond Thu, 07 Jun 2018 03:06:46 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/zika-virus-estrutura-320x213.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=948 Dois trabalhos recentemente publicados mostram que o complexo panorama relacionado à zika pode ser ainda mais grave: a infecção pode ser devastadora também se acontecer após o nascimento e não somente no desenvolvimento intrauterino, como já se pensou. Além disso, os danos podem se estender até a vida adulta. Ambas as publicações estão no periódico especializado Science Translational Medicine.

O trabalho de publicação mais recente saiu nesta quarta-feira (6) e é fruto do esforço de uma equipe de cientistas da UFRJ, da Unifesp e do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, no Rio.

Foram usados camundongos para mostrar que a infecção pelo vírus da zika poucos dias após o nascimento reduz permanentemente a força muscular dos animais, provoca o surgimento de crises epiléticas no curto prazo e aumenta a susceptibilidade a elas no longo prazo. 

A memória e a sociabilidade dos bichos também são prejudicadas. “Sabemos que algumas infecções neonatais podem estar associadas a doenças que surgem muitos anos mais tarde, como esquizofrenia e autismo”, diz a neurocientista Julia Clarke, da UFRJ, uma das coordenadoras do estudo.

Ela conta que a principal motivação era entender o que se passa com as 90% de crianças infectadas com zika que nascem sem alterações grosseiras, como a redução do tamanho da cabeça ou más-formações nos membros.

Essas complicações mais graves são mais comuns em infecções que acontecem no início da gestação, mas o que Clarke e colegas mostram é que elas podem ser relevantes mesmo quando acontecem no final do período (quando o desenvolvimento cerebral humano é comparável ao momento da infecção dos camundongos no estudo).

Uma mortalidade de 40% afligiu os grupos de camundongos com zika; os sobreviventes tinham menor peso corporal e tamanho do cérebro reduzido.

Cérebros de camundongos de estudo da UFRJ. "Mock" são os de animais controles, os marcados com "ZIKV" pertenciam a animais infectados (Reprodução/Science Translational Medicine)
Cérebros de camundongos de estudo da UFRJ. “Mock” são os de animais controles, os marcados com “ZIKV” pertenciam a animais infectados (Reprodução/Science Translational Medicine)

Cem dias depois da infecção, quando os animais já eram adultos, a quantidade de material genético do vírus permanecia elevada no cérebro, denunciando a atividade do patógeno.

A explicação para esse prejuízo neurológico seria uma permanente inflamação provocada pela replicação viral, algo que o organismo do roedor, assim como aparentemente acontece com o humano, tem dificuldade em solucionar.

Para testar a hipótese, os cientistas deram aos camundongos uma droga capaz de bloquear o TNF-alfa, molécula que participa de maneira importante do processo inflamatório.

“Agora que se sabe que a raiz dos danos neurológicos é a neuroinflamação causada pela intensa replicação do vírus no início da infecção, é possível buscar quem seriam os agentes responsáveis no organismo e atacá-los farmacologicamente”, diz a virologista da UFRJ Andrea Da Poian,  também coordenadora do estudo.

A droga escolhida para tratar os bichos, infliximabe, já é usada para tratar outras doenças inflamatórias, como a doença de Chron, artrite reumatoide e psoríase. O fato de ela já ser aprovada pela Anvisa facilitaria a eventual nova indicação, pulando etapas de estudos, já que aspectos de segurança e toxicidade são bem conhecidos.

Os animais tratados tiveram menor chance de desenvolver as crises epiléticas, mas mantiveram os sintomas motores e comportamentais. Os cientistas propõem que é possível que um tratamento baseado nesse raciocínio possa ajudar a atenuar os efeitos de longo prazo da infecção, mas ainda há muito que se avançar na questão.

“É difícil prever o que aqueles infectados ainda bebês podem desenvolver na fase adulta, mas é importante ter em mente que o que aconteceu ainda no útero pode, sim, ter consequências tardias”, diz Clarke.

“Está claro que um simples monitoramento da prevalência de microcefalia congênita ao nascer é uma medida insuficiente dos males trazidos pela neuropatologia causada pelo vírus da zika em crianças e adolescentes”, escrevem os autores na conclusão do estudo.

Além de Da Poian e Clarke, coordenaram o trabalho Iranaia Assunção-Miranda e Claudia P. Figueiredo, todas da UFRJ.

MACACOS

Um outro artigo recente, de pesquisadores da Universidade Emory e de outros centros de pesquisas nos EUA, mostrou, com experimentos em macacos resos (Macaca mulatta), que o vírus da zika é capaz, também em primatas, de provocar prejuízo no desenvolvimento cerebral.

Por meio de estudos histológicos (com fatias finas do órgão) e de ressonância magnética (que permite visualizar a estrutura), os cientistas observaram que o vírus da zika ataca especialmente o cérebro e a medula espinal –essa preferência recebe o nome de neurotropismo.

O patógeno reduz a quantidade de massa cinzenta no cérebro e altera a conectividade entre neurônios, prejudicando o funcionamento do órgão.

Os cientistas alertam que não há como fazer um paralelo entre o que se passa com os macacos e o que aconteceria com crianças e adolescentes humanos, mas que a tendência é que o desenvolvimento neurológico seja atrasado ou interrompido com a infecção, algo que deve demandar atenção dos serviços de saúde.


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‘Antes do Viagra, pensava-se que a disfunção erétil era psicológica’, diz pesquisador https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/03/19/viagra-entrevista/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/03/19/viagra-entrevista/#respond Mon, 19 Mar 2018 12:14:40 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2018/03/VIAGRA-1-320x213.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=907 Sabia que a forma do comprimido Viagra, um diamante azul, foi escolhida porque seria difícil de falsificar? Além disso, era o formato que mais agradava os consumidores.

Há 20 anos, a droga chegava ao mundo para mudar quase tudo que se sabia  sobre disfunção erétil. Foi publicada neste domingo (18), na Folha, uma reportagem minha a respeito dessa trajetória.

Enquanto aprendia sobre essa história, tive a oportunidade de entrevistar Ian Osterloh, químico e médico britânico que liderou os estudos clínicos do Viagra em meados da década de 1990.

Segundo ele, as inúmeras cartas que a Pfizer recebeu durante o desenvolvimento da droga fizeram a companhia perceber de que se tratava realmente de uma condição séria e que merecia tratamento.

A entrevista, aqui organizada em tópicos, revela detalhes do início da jornada que levou ao lançamento da droga em 1998 e de como ela mudou o pensamento predominante à época, de que uma droga oral contra a impotência não seria viável.

*

Dr. Ian Osterloh BSc MSc MBBS MRCP Chief Medical Officer
O consultor britânico Ian Osterloh Crédito: Reprodução

INÍCIO DO TRABALHO

Eu me deparei com o projeto UK-92480, que depois veio a ser conhecido como citrato de sildenafila, no final dos anos 1980, quando colegas da Pfizer, em Sandwich, Inglaterra, me contaram sobre a ideia de bloquear as enzimas conhecidas como PDEs [fosfodiesterases].

Eles acreditavam que seria possível produzir uma droga capaz de bloquear a PDE-5 que pudesse ajudar a relaxar os vasos sanguíneos e tratar pessoas que tivessem pressão sanguínea elevada e/ou angina.

Naquela época, eu trabalhava no departamento de assuntos regulatórios, mas logo eu mudei de função para ajudar a implantar duas novas unidades de testes clínicos da Pfizer (uma perto de Sandwich e outra na Bélgica).

Um pouco depois, no início dos anos 1990, nós já estávamos estudando sildenafila como potencial tratamento para angina, mas os resultados não eram particularmente encorajadores. Em outro estudo clínico, que aconteceu no País de Gales, no entanto, alguns voluntários reportaram estar com melhores ereções. Então decidimos ver onde esse caminho nos levaria.

Eu comecei a trabalhar mais no UK-92480 em 1993 e, após alguns estudos-pilotos encorajadores, passei a me dedicar integralmente a esse projeto em 1994, planejando quais seriam os próximos estudos para descobrir quão bem a droga funcionaria em homens com disfunção erétil (DE).

 

DESENVOLVIMENTO INUSUAL

Há vários aspectos inusuais a respeito do desenvolvimento do Viagra como tratamento para DE. Obviamente já falamos sobre a mudança de direção do programa [de angina para disfunção erétil].

Quando nós falamos pela primeira vez sobre nossos planos de tratar DE para experts de fora da companhia, eles se mostraram céticos. Ninguém entendia como uma droga, especialmente uma que expande os vasos sanguíneos, poderia atuar nos vasos do pênis sem que houvesse grandes efeitos em outras partes do corpo. Muitos experts pensavam que nunca haveria um tratamento oral efetivo.

Outro aspecto inusual: os resultados dos testes eram cada vez melhores. Normalmente, no desenvolvimento de novas drogas, as expectativas são altas no começo, mas você tem de baixá-las –ou o tratamento não é tão efetivo como você esperava ou você não pode administrá-lo para certos pacientes ou os efeitos colaterais limitam a dose. E pode haver muitas outras razões para que uma promessa perca seu potencial.

 

COMPLEXIDADE X SIMPLICIDADE

A DE é uma condição complexa, com muitas possíveis causas, e há muitos agentes vasoconstritores e vasodilatadores agindo no organismo –ou seja, o próprio corpo faz um coquetel de substâncias para para regular a contração e o relaxamento dos vasos sanguíneos.

De início, eu não pensava que uma droga solitária, agindo em apenas um caminho químico, teria um efeito tão dramático na maioria dos homens. Foi ótimo ver que os resultados dos testes superaram nossas expectativas. E, claro, foi algo fantástico para os pacientes.

 

CONSCIENTIZAÇÃO

Nosso programa levou a uma grande conscientização sobre a DE e sobre a importância de conhecer suas causas. Antes dele, muitas pessoas consideravam que a doença tinha predominantemente uma origem psicológica. Agora virtualmente todos os experts concordam que a maior parte dos pacientes têm uma disfunção orgânica. Ou seja, homens que têm outras doenças que culminam na DE –como diabetes, aterosclerose ou hipertensão–  podem se beneficiar dos tratamentos dessas condições.

Outro aspecto que não aparece na maior parte dos programas de desenvolvimento de novas drogas é tamanho interesse público –muitos homens com DE nos escreviam ou nos ligavam explicando como a condição tinham efeitos devastadores em seus relacionamentos e quão desesperados eles estavam para receber um tratamento efetivo. Essas cartas nos convenceram que havia uma demanda séria.

Vale lembrar que após o lançamento do medicamento em 1998, os testes continuaram –foram 120 estudos clínicos, somando 14.000 anos de vida de pacientes acompanhadas, além de trabalhos que levaram a identificar que o medicamento poderia ajudar pacientes com hipertensão arterial pulmonar.

 

SATISFAÇÃO E MUDANÇA DA HISTÓRIA

No início era apenas um projeto do qual era ótimo fazer parte –pesquisávamos um novo mecanismo de ação e eu estava ciente de que havia uma enorme necessidade de um medicamento para DE. Fico muito feliz de a Pfizer ter apoiado o projeto, especialmente em seu início. Tenho certeza de que em muitas outras companhias o projeto seria descontinuado.

Antes de nosso programa, a maior parte dos homens se mostrava relutante em falar de DE e não tinha ideia de que era um problema tão comum e também não sabiam que poderia haver um tratamento. Foi recompensador trazer um novo medicamento para o mercado capaz de ajudar homens e parceiras(os). O viagra já foi prescrito para algo como 66 milhões de homens em todo o mundo.

 

 

MERCADO HOJE

A maior parte dos homens hoje têm acesso a vários tratamentos diferentes contra a DE. No entanto, todos devem tomar cuidado para adquirir medicamentos de uma fonte confiável e sempre após consultar um profissional de saúde.

Essas drogas são algumas das mais falsificadas em todo o mundo. Entre os riscos estão uma elevada quantidade de princípio ativo e a presença de substâncias estranhas ou tóxicas.

 

ATUAÇÃO

Saí da Pfizer em 2007, mas continuei a trabalhar com a indústria farmacêutica como consultor, em inúmeros projetos de diversas companhias. Por exemplo, pude ajudar uma companhia a aprovar na Europa um medicamento que encolhe miomas uterinos, reduzindo o sangramento excessivo.

 

BRASIL

Nunca estive no Brasil, mas sempre fui um grande fã do futebol brasileiro desde que comecei a acompanhar o esporte; tenho uma bola autografada pelo Pelé.


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Já pensou em ser voluntário em uma pesquisa científica? https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/02/28/voluntario-pesquisa/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/02/28/voluntario-pesquisa/#respond Wed, 28 Feb 2018 11:07:08 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2018/02/6993510602_63119fb51e_k-320x213.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=901 Fazer parte de um estudo científico como voluntário (alguns diriam “cobaia”) é uma das experiências mais curiosas que um indivíduo pode ter.

Imagine só a emoção de estar no princípio de uma descoberta. Será que o exercício físico ajuda a reduzir o ronco? Quais seriam os efeitos da poluição atmosférica na qualidade dos espermatozoides? Há questões que não podem ser respondidas de outra forma senão pesquisando.

Desde pequeno eu queria ser cientista, e isso me guiou até a escolha do curso universitário. Aos 18, quando comecei a estudar biomedicina na Unifesp, me deparei com um universo repleto de todo tipo de pesquisa –com camundongos, ratos, coelhos, cultura de células, bactérias, vírus… e com humanos.

A primeira pesquisa que participei como voluntário era para os pesquisadores entenderem melhor como o corpo humano funciona enquanto dorme e como o sono é atrapalhado por alguns problemas de saúde. (Ainda estamos longe de saber completamente como ele funciona, seja no sono ou na vigília.)

Nesse caso, eu era um voluntário saudável –sem insônia ou apneia grave. Muitos outros estudos precisam de participantes sãos para entender, por exemplo, como funciona a memória em uma situação de estresse (sim, participei), ou qual é o risco de uma pessoa se contaminar com HPV (vírus do papiloma humano) morando em São Paulo (sim, de novo).

Conhecer os pesquisadores, tentar entender o que estão fazendo e poder doar um pouco de tempo, de sangue ou mesmo uma noite de sono para que eles promovam o avanço da ciência era para mim mais do que só camaradagem, era uma chance de viver integralmente a ciência e de aprender como ela é feita.

TRATANDO DOENÇAS

Mergulhar numa dessas pesquisas pode ser a chance de abandonar a inércia e tentar fazer algo para sanar aquele problema que é arrastado há anos. Dor nas costas, incontinência urinária, tabagismo… novas e velhas formas de se tratar são testadas a todo momento.

A vantagem de receber um tratamento dentro de um protocolo de pesquisa é que o compromisso da equipe é um empurrãozinho para que o cuidado com a saúde seja mantido, com dados coletados regularmente e telefonemas para saber se tudo está OK.

Em estudos epidemiológicos pode haver o acompanhamento de pacientes ao longo de anos para entender a história natural de uma doença. O ponto positivo é que, a qualquer sinal de inconformidade, o paciente é encaminhado para tratamento e tem sua saúde monitorada pelos pesquisadores.

E no caso do teste de novas drogas? Será que há risco ao participar de um protocolo de pesquisa? Sim, há, mas geralmente não são riscos altos. Dependendo do estágio em que a pesquisa clínica está, ainda não se sabe se há grande chance de efeitos colaterais –nesse caso geralmente o paciente é internado e monitorado de perto.

Além disso, projetos de pesquisa que envolvem humanos têm de ser aprovados por dois comitês de ética em pesquisa, um local e um nacional, para poderem acontecer. Se o possível benefício é pequeno em comparação ao estresse causado, o projeto, via de regra, não vai para frente.

Todas as informações relevantes para a tomada de decisão de participar ou não têm de estar no termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), que é apresentado aos voluntários e tem de ser assinado por eles e por um representante da equipe.

DINHEIRO

No Brasil não pode haver remuneração em troca da participação em estudos. Essa é uma estratégia para evitar, entre outros problemas, o surgimento de “voluntários profissionais”. Por aqui só é possível ressarcir despesas com transporte e alimentação; em outros países, como os EUA, é possível ganhar dinheiro dessa forma.

Uma das exigências a serem cumpridas por investigadores e patrocinadores de pesquisas clínicas é ofertar, além dos novos tratamentos, as melhores terapias disponíveis até então para a condição que está sendo investigada. O que define qual tratamento cada paciente vai receber primeiro, porém, geralmente é um sorteio –uma maneira de garantir a qualidade das informações a serem coletadas.

Os pacientes desses estudos geralmente têm acesso a remédios muitas vezes ainda indisponíveis para a população em geral –é o caso dos testes de novos imunoterápicos contra o câncer, cujas vagas rapidamente se esgotam em centros de pesquisa mundo afora (há situações, no entanto, em que há mais vagas do que pacientes).

Mas nem tudo é perfeito, claro. Existe toda sorte de pesquisadores –os apaixonados e responsáveis, os desleixados, os frustrados, os preguiçosos, os malandros…– e há estreita correlação entre a confiabilidade da pesquisa e a boa conduta dos pesquisadores. É possível, sim, que haja muitas meias-verdades sendo publicadas em decorrência de estudos mal conduzidos.

Por outro lado, especialmente em estudos maiores e que envolvem dezenas de pesquisadores (e, às vezes, milhares de voluntários), há mecanismos estatísticos e de controle de qualidade que atenuam ou solucionam problemas do tipo –é como se uma pequena picaretagem tivesse seu efeito maléfico diluído num caldeirão de dados confiáveis. 

No caso de grandes indústrias farmacêuticas, boa parte dos lucros são reinvestidos em pesquisas, a fim de descobrirem novas drogas. São empreendimentos que chegam à casa dos bilhões de dólares –faz sentido fiscalizar de perto e garantir que o dinheiro seja bem gasto.

COMO PARTICIPAR?

Conversei com pessoas entendidas e pesquisei, mas não parece não haver, ao menos até agora, um site em português que contenha informações de estudos clínicos em andamento no Brasil. Provavelmente a maior parte deles está no site americano clinicaltrials.gov. Quando busquei, havia pouco mais de 1.000 estudos acontecendo em terras brasileiras.

Aviso: talvez o leitor se frustre com o jargão médico em inglês do portal. O ideal é pedir para seu médico traduzir o conteúdo e buscar meios de viabilizar o recrutamento para o estudo desejado, se for o caso.

Vale também prestar atenção aos canais de divulgação oficiais de Universidades e de institutos que praticam pesquisa clínica. Tem uma lista deles aqui.


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Pernilongo não consegue transmitir vírus da zika, mostra estudo do Instituto Oswaldo Cruz https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2016/09/06/pernilongo-nao-consegue-transmitir-virus-da-zika-mostra-estudo-do-instituto-oswaldo-cruz/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2016/09/06/pernilongo-nao-consegue-transmitir-virus-da-zika-mostra-estudo-do-instituto-oswaldo-cruz/#respond Tue, 06 Sep 2016 18:00:04 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2016/09/14345517822_4c8271d94e_k-180x116.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=374 Um tempo atrás houve grande burburinho com a notícia de que seria possível que o pernilongo comum, aquele amarronzado, teria capacidade de transmitir o vírus da zika.

O pernilongo (mosquitos do gênero culex) e os aedes formariam, de fato, uma dupla infernal –o aedes de dia e o culex à noite passando zika pra todo mundo.

Ainda bem que não é o caso. Pelo menos segundo dados de um novo estudo que saiu hoje (6) na revista científica “Plos Neglected Tropical Diseases”.

Cientistas do Instituto Oswaldo Cruz, da Fiocruz, analisaram quase 400 pernilongos e observaram que o inseto não tem o que os cientistas chamam de competência vetorial, isto é, não são capazes de passar o vírus para suas vítimas humanas.

O motivo disso é o fato de o vírus não chegar à cabeça, na região das glândulas salivares, como acontece nos aedes, especialmente no Aedes aegypti.

Tanto os pernilongos quanto as cepas de vírus testadas vieram da cidade do Rio de Janeiro, ou seja, os cientistas buscaram mimetizar em laboratório as condições reais de infecção no nosso atual e caótico ambiente urbano.

INFECÇÃO NATURAL

Em estudos anteriores foi mostrado que era possível forçar a infecção do pernilongo com o vírus, mas os cientistas não haviam achado, e não acharam até agora, um pernilongo infectado na natureza.

O problema é que  o fato de cientistas terem conseguido infectar em laboratório os insetos não mostram nada além de uma possibilidade. Com todo o alarde que houve após este achado, a necessidade de constatação igualmente importante (ou mais, na verdade) da ocorrência de infecção natural da espécie ficou de lado nas “análises de conjuntura da zika”.

Até então vários cenários pessimistas têm sido pintados. Alguns médicos e biologistas sugeriram adiar a Olimpíada do Rio. Com o atual achado, talvez o nível de preocupação caia.

O importante, na opinião do coordenador do estudo Ricardo Lourenço, do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários, é nos dedicarmos à eliminação dos aedes. “O que podemos dizer é que, com base em amostras representativas tanto para os mosquitos quanto para o vírus Zika, no Rio de Janeiro, os resultados, até o momento, apontam que o foco para o controle da doença, no Brasil e em áreas endêmicas nas Américas, deve permanecer na eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti.

Não podemos esquecer também da transmissão por via sexual, que cada vez mais tem roubado o protagonismo do aedes em artigos científicos e relatos de casos de infecção principalmente fora do país, em locais onde não há mosquitos transmissores. O perigo pode estar dormindo ao lado, literalmente.


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Molécula presente no chá-verde inibe infecção por vírus da zika em células https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2016/07/29/molecula-presente-no-cha-verde-inibe-infeccao-por-virus-da-zika-em-celulas/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2016/07/29/molecula-presente-no-cha-verde-inibe-infeccao-por-virus-da-zika-em-celulas/#respond Fri, 29 Jul 2016 05:10:29 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2016/07/2974463970_9c69160634_b-180x120.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=295 Será que a melhor dica antizika para o verão é trocar a cerveja e a coca-cola por chá-verde? Uma substância presente na bebida é capaz de inibir a infecção de células pelo vírus da zika, mostra um novo estudo.

Trata-se da molécula epigalocatequina galato (EGCG). Ela conseguiu, em estudo com culturas de células, inibir ao menos 90% da entrada do vírus da zika. Já havia sido demonstrado que a molécula era capaz de bloquear vírus como os da hepatite C e da influenza e também o HIV.

Estudos anteriores em ratos mostraram que o EGCG é capaz de cruzar a barreira placentária e, portanto, poderia proteger o feto. Além disso, não há registro de que a molécula possa causar más-formações nos fetos dos roedores.

Essas duas características podem ser uma boa pista a respeito do potencial de o EGCG se tornar um medicamento que protegesse mãe e bebê.

A pesquisa foi realizada por cientistas brasileiros da Unesp e da Famerp (Faculdade de Medicina de Rio Preto) e foi publicada na revista “Virology”.

LIMITAÇÕES

Apesar de ter sido feito dentro dos padrões de rigor esperados de um estudo sério, a capacidade de resolver problemas da pesquisa ainda é limitada.

Cabe questionar: alguma das doenças (hepatite C, Aids e gripe) já foi efetivamente prevenida em humanos com uso do do EGCG? Nada foi provado até agora.

Claro que todo avanço é bem-vindo, ainda mais em tempos de crise. No entanto, temos sempre que basear a discussão em evidências sólidas e, mesmo assim, desconfiar.

O caso da fosfoetanolamina é o antiexemplo simbólico. Há poucas evidências de que ela pode funcionar e, mesmo assim e muitas delas acabaram sendo postas em xeque com os novos testes, encomendados pelo Ministério da Ciência.

Para não cair no conto do vigário (e trocar a cerveja e a coca por chá-verde), aguarde pelo menos os próximos passos da pesquisa do EGCG –os testes em animais. E aí que (literalmente) o bicho pega.


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