Cadê a Cura? https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br Sobre doenças e suas complicações e o que falta para entendê-las e curá-las Thu, 19 Mar 2020 00:39:51 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Minicurso gratuito via WhatsApp aborda aspectos do diabetes https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2019/11/04/minicurso-gratuito-via-whatsapp-aborda-aspectos-do-diabetes/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2019/11/04/minicurso-gratuito-via-whatsapp-aborda-aspectos-do-diabetes/#respond Tue, 05 Nov 2019 02:07:39 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2016/08/4293213857_b95a3a4dc3_o1-180x127.jpg https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=1183 Um minicurso digital, a ser dado gratuitamente por meio do WhatsApp, irá abordar aspectos do diabetes, como os mitos que rondam quem descobre que tem a doença, tecnologias envolvidas no tratamento, formas de melhorar a alimentação e receitas de doces mais saudáveis.

Uma das responsáveis pela iniciativa é a jornalista Letícia Martins, da revista Momento Diabetes, direcionada ao público com a doença. Ela explica que o curso é voltado para todas as pessoas que têm diabetes, pré-diabetes, obesidade, além de parentes –especialmente porque a doença tem um componente hereditário– e profissionais de saúde que ainda não têm conhecimento aprofundado sobre o tema. Também participa da organização do curso Bianca Fiori, que tem diabetes tipo 1 há 25 anos.

Para Martins, muitas vezes é difícil para as pessoas fixarem tanta informação relacionada a essa condição, daí o emprego de vídeos e ebooks, que também podem ser compartilhados. O material conta com o endosso de especialistas da área.

Há 14 milhões de diabéticos no país, e a maior parte dessas pessoas, cerca de 70% de acordo com estimativas, não controla adequadamente a doença. Assim, elas se sujeitam a um maior risco de doenças cardiovasculares, como AVC e infarto, infecções, amputações, retinopatia diabética (que pode levar à cegueira) e neuropatia (lesão nos nervos).

As inscrições para o minicurso acontecem até quarta, 6 de novembro de 2019, às 9h da manhã por meio do link (bit.ly/2WzKeyA). Mais informações aqui.


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Quais são os riscos de ter diabetes do tipo 1? https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/12/26/quais-sao-os-riscos-de-ter-diabetes-do-tipo-1/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/12/26/quais-sao-os-riscos-de-ter-diabetes-do-tipo-1/#respond Wed, 26 Dec 2018 20:24:17 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/4932175472_b6f247d8a5_o-320x213.jpg https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=1057 O diabetes do tipo 1 é uma doença caracterizada pela baixíssima produção de insulina pelo organismo. Trata-se de um hormônio que faz a glicose do sangue (proveniente da alimentação) entrar nas células para ser metabolizada.

As taxas elevadas de açúcar aumentam o risco de complicações, como doenças cardiovasculares, danos aos nervos, problemas renais, nos olhos, nos pés, entre outros.

A diferença em relação ao diabetes tipo 2 é que este depende mais do estilo de vida, afetando pessoas geralmente a partir dos 45 anos de idade e é caracterizado pela baixa eficácia da insulina já produzida (em vez de ausência). Já o tipo 1 geralmente aparece em indivíduos mais jovens, independentemente dos hábitos de vida.

Um estudo recente publicado na revista Lancet calcula, com base em dados populacionais da Suécia, que pessoas com diabetes tipo 1 vivem 16 anos a menos em relação a quem não tem a doença, no caso de quem recebe o diagnóstico antes dos 10 anos de idade. Para quem recebe o diagnóstico mais tarde, ainda permanece um prejuízo de cerca de 10 anos.

No Brasil o problema pode ser maior graças à dificuldade de obtenção de diagnóstico. O tamanho do prejuízo para a saúde é proporcional ao período no qual a doença fica sem controle (o que não depende somente do diagnóstico).

Entre os sintomas da doença estão sede elevada, urinação frequente, xixi na cama em crianças que já haviam passado por essa fase, perda de peso não intencional, fadiga e visão turva.

O diabetes tipo 1 não tem cura e o controle se dá com uso de insulinas, dieta, monitoramento dos níveis de glicose e com exercícios físicos, além de medicamentos, explica Fabio Trujilho, presidente da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia).

Ele lembra que um dos maiores problemas para quem está com a doença controlada são os eventos de hipoglicemia (quando o nível de açúcar no sangue cai mais do que deveria, causando sensação de mal-estar, desmaios e até mesmo morte), daí a importância de um manejo rígido da dieta e o uso dos tipos corretos de insulina (de ação rápida ou lenta, por exemplo), a fim de reduzir a frequência e a severidade desses episódios.


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Risco de demência e diabetes é menor para quem consome álcool https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/08/17/alcool-diabetes-demencia/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/08/17/alcool-diabetes-demencia/#respond Fri, 17 Aug 2018 22:17:31 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/4081355836_d7283de0df_b-320x213.jpg https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=995 Um estudo recente publicado no começo de agosto na revista British Medical Journal (BMJ) chamou a atenção —o consumo moderado de bebidas alcoólicas (até 14 doses por semana), estaria associado a um risco 47% menor de desenvolver demência, como o alzheimer.

É uma redução importante, já que esse grupo de doenças afeta de 5% a 10% das pessoas acima de 60 anos.

Estudos anteriores já haviam detectado a possibilidade de o consumo moderado de álcool ter um efeito protetor contra demências, mas, dessa vez, com mais de 9.000 pessoas observadas desde a década de 1980, os resultados têm maior robustez.

O mecanismo pelo qual se dá essa proteção provavelmente tem a ver com o impedimento da formação de placas da proteína beta-amiloide no cérebro, embora isso não esteja completamente elucidado.

No caso da relação entre uso de álcool e demência, assim como em outros, diz-se que o risco se comporta como uma curva em “J” ou em “U”, com valores mais elevados nas pontas (nenhum uso e uso excessivo), em relação a uma faixa central de menor risco.

Além dos abstêmios, quem bebe mais do que 14 doses semanais também tem risco aumentado para desenvolver demências —17% a mais a cada sete doses excedentes.

Uma dose equivale a cerca de 355 ml de cerveja, 150 ml de vinho ou 44 ml de destilado, segundo o Instituto Nacional para o Abuso de Álcool e Alcoolismo dos EUA, e contém cerca de 14 gramas de álcool puro.
Os motivos para os abstêmios terem maior risco, ao menos em parte, se deve à maior presença, nesse grupo, de doenças cardiovasculares e metabólicas.

O resultado da pesquisa, porém, não deve servir de encorajamento para aumentar o consumo de álcool, escrevem os autores do estudo, de instituições da França e do Reino Unido.

“Sabendo que o número de pessoas vivendo com demência deve triplicar até 2050, e que não há cura, a prevenção é crucial. Nós mostramos que tanto a abstinência quanto o uso excessivo de álcool pode aumentar o risco da doença. As diretrizes do Reino Unido sugerem um limite de 14 doses semanais, mas o limite de muitos outros países é superior a esse. Este estudo encoraja a adoção de um limite mais baixo nessas diretrizes, algo aplicável para toda a vida adulta, com a meta de promover saúde cognitiva”, concluem.

DIABETES

Outro estudo, este de 2017 e conduzido na Dinamarca, mostrou mais um possível benefício do álcool na prevenção de diabetes tipo 2. Ele foi publicado na revista Diabetologia.

Dados de mais de 70 mil pessoas acompanhadas por 23 anos foram analisados e foi constatado que homens que bebem 14 doses semanais têm chance até 43% menor de desenvolver a doença. Para as mulheres, o benefício máximo é atingido com 9 doses semanais e a probabilidade de ter a doença é reduzida em 58%.

Para esse efeito benéfico, mais importante do que a quantidade semanal é a regularidade no consumo.

Diferentemente das demências, porém, o consumo de mais doses não está associado a um risco aumentado de desenvolver diabetes em relação a quem é abstêmio. Outros fatores como IMC (índice de massa corporal), dieta e propensão genética são mais importantes.

Quem já tem diabetes, no entanto, deve adotar uma série de precauções, como intercalar bebida alcoólica e água, evitar drinques e produtos que contenham açúcar e jamais deixar de se alimentar antes de beber.
Especialistas dizem ainda que o álcool não pode ser usado como tratamento para baixar a glicemia, dado seu comportamento imprevisível. Ou seja, os riscos superam os benefícios.

Os estudos do BMJ e da Diabetologia, apesar de interessantes, não são uma resposta definitiva para possíveis benefícios do álcool para a prevenção de doenças —não há consenso entre médicos e estudiosos.
O álcool está ligado a 3,3 milhões de mortes anuais e os motivos vão desde acidentes de carro até doenças causadas pela substância, como cirrose e cânceres.


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Médicos defendem combinação de drogas no início do tratamento contra diabetes https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/07/16/mais-drogas-diabetes/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/07/16/mais-drogas-diabetes/#respond Mon, 16 Jul 2018 14:03:13 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/4932175472_b6f247d8a5_o-320x213.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=967 Um consenso entre profissionais de saúde com relação ao diabetes é que esperar as complicações aparecerem para só então tomar alguma providência é péssima ideia.

Geralmente as abordagens iniciais envolvem mudanças de hábitos alimentares e introdução ou intensificação da prática de exercícios. Às vezes, porém, pode ser vantajoso usar combinações de medicamentos logo após o diagnóstico, defendem médicos ouvidos pela reportagem. Esse foi um dos temas discutidos no congresso anual da ADA (Associação Americana de Diabetes, na sigla em inglês), que aconteceu em Orlando no final de junho.

A doença mata cerca de 61 mil brasileiros ao ano, número comparável ao de assassinatos (cerca de 60 mil ao ano) e quase o dobro de pessoas mortas em acidentes de trânsito (33 mil ao ano).

Com um tratamento mais efetivo logo após o diagnóstico, diferentemente do que acontece quando os medicamentos são empregados na base de tentativa e erro, o paciente teria mais chance de manter a doença sob controle, evitando complicações.

Para quem tem a doença, a principal meta é manter a hemoglobina glicada, um exame de sangue, abaixo de 7% (de preferência abaixo de 6,5%, mas isso pode ser flexibilizado em pacientes com complicações graves; a faixa de normalidade para quem não tem a doença é de 4% a 5,6%). Conseguir manter baixo esse índice é o objetivo das diversas modalidades de tratamento e, via de regra, o que vai definir a dosagem e o número de medicamentos a serem tomados ou aplicados.

O problema, diz Levimar Rocha Araújo, professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, é a grande resistência dos pacientes, que não gostam de tomar medicamentos logo de cara para tratar uma condição aparentemente inicial, e também de médicos, que têm medo de perder clientela. Outra questão é que, sobretudo no sistema público, os profissionais têm pouco tempo para ensinar o paciente a lidar com o diabetes, uma condição complexa.

“No fim das contas, a grande questão é a falta de educação com relação ao diabetes”, afirma Araújo. Ele, que também é diabético, promove acampamentos para jovens com a ideia de ensiná-los a lidar com a doença em situações do dia a dia. Um exemplo: em um dia de atividades físicas intensas, é possível reduzir a quantidade de insulina (hormônio cuja atividade está prejudicada na doença) a ser administrada, já que o exercício também tem efeito hipoglicemiante –ou seja, reduz a concentração de glicose no sangue.

“Como muitas vezes o paciente com diabetes não tem nenhum sintoma, para ele não faz sentido já começar a usar medicamentos”, explica Solange Travassos, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, que foi diagnosticada com diabetes tipo 1 aos 14 anos. Ela e Araújo afirmam que é preciso avaliar a possibilidade de usar desde cedo todas as armas que podem ajudar o doente.

“O organismo tem uma espécie de memória metabólica, ou seja, o começo do tratamento e a maneira como o corpo responde a ele são fatores muito importantes para o prognóstico. Se o organismo é forçado a viver com a doença por muito tempo, ele se exaure, perdendo a capacidade de se recuperar”, diz Araújo.

As alternativas farmacológicas incluem a tradicional metformina (há mais de 60 anos no mercado) e suplementação de insulina por meio de injeções, para tentar normalizar a função do hormônio, de reduzir a glicemia sanguínea e prevenir efeitos como impotência, AVC e amputações.

Algumas opções podem ajudar os pacientes a simplificar o cuidado, como medicamentos combinados em uma mesma injeção. É o caso do Xultophy, combinação de insulina e liraglutida, princípio ativo do medicamento Victoza, que tem obtido bons resultados na redução da glicose sanguínea, com boas chances de evitar o ganho de peso, algo comum na doença.

Outra possibilidade, ainda em estágio experimental, é uma nova formulação de insulina para ser administrada por via oral. Cientistas da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara e de Harvard publicaram recentemente na revista PNAS um artigo explicando como isso poderia acontecer.

Um líquido seria capaz de impedir a degradação da molécula no aparelho digestório e de promover a absorção dela pela via paracelular, ou seja, por entre as células que revestem o trato gastrointestinal. Um dos obstáculos à adesão do tratamento com insulina é justamente a necessidade de injeção.

Capazes de monitorar o nível de glicose e até de ajudar nas injeções de insulina, equipamentos de monitorização e bombas também têm ganhado espaço. Alguns aparelhos produzem um gráfico com a variação da glicemia ao longo do dia, o que permite fazer ajustes de dose de insulina e refinar o tratamento. No fim de junho a FDA (agência regulatória americana) aprovou um sensor implantável que pode ficar imerso na pele por 90 dias consecutivos.

Um estudo da empresa Abbott apresentado no ADA mostrou que um monitoramento frequente pode ajudar a reduzir o tempo do paciente em hipoglicema, outro fantasma para quem depende de insulina.

As bombas são especialmente úteis para pacientes com diabetes tipo 1 e, no país, muitas pessoas têm obtido acesso a elas por meio de decisões da Justiça.

Muitos profissionais de saúde, porém, tendem a fugir dos medicamentos por causa do perigo de interações com outras drogas e dos efeitos colaterais. O caminho padrão ainda é a mudança dos hábitos de vida: comer melhor (e, geralmente, menos) e praticar exercícios físicos; a obesidade também agrava a condição.

A favor dessa abordagem está o fato de que a contração muscular promovida nos exercícios e a perda de peso fazem o organismo responder melhor à insulina, ou seja, pode retardar a introdução de medicamentos ou reduzir a dose de quem já está em tratamento, embora os médicos concordam que mudanças do estilo de vida sejam apenas o mínimo a ser feito.

Por fim, existe a possibilidade de realizar uma cirurgia bariátrica (chamada de metabólica quando o objetivo é combater o diabetes) para resolver o problema. Apesar da agressividade e da grande chance de resolução, é necessário um enorme esforço posterior do paciente para atingir as diversas metas propostas, que também incluem ingestão de vitaminas e manejo da saúde mental, além do tratamento do diabetes propriamente dito.

O jornalista viajou a convite da Sanofi


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Enfermeiras, psicólogas, nutricionistas e assistentes sociais têm mais desafios na carreira acadêmica https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/06/25/mulheres-e-desafios-na-academia/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/06/25/mulheres-e-desafios-na-academia/#respond Mon, 25 Jun 2018 16:00:34 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/40950954424_f5f6238137_k-320x213.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=961 Na área da saúde, algumas profissões são predominantemente femininas —nos EUA, as mulheres são 83% dos enfermeiros, 91% dos nutricionistas, 70% dos psicólogos e 82% dos assistentes sociais. No Brasil, o cenário é semelhante.

Segundo as conclusões de um simpósio realizado em Orlando no congresso anual da ADA (Associação Americana de Diabetes), essas profissionais têm um grau de dificuldade aumentado dentro da carreira acadêmica, quando pretendem ser professoras universitárias,  pesquisadoras e líderes científicas em suas áreas.

Um fator que contribui para isso é a prioridade baixa atribuída às disciplinas que elas ministram —a remuneração delas é pior e há o rótulo depreciativo de essas áreas serem “ciências soft”, em oposição às ciências duras (hard), como matemática, física, química ou engenharia.

Não se ganha status por ministrar, por exemplo, cursos com foco na prevenção de doenças, do cuidado com o paciente ou na mudança de hábitos de vida, apesar da importância de iniciativas do tipo. Como existe um estigma de feminização dessas áreas, a participação masculina também é reduzida.

Sem prestígio, é pouco provável que essas profissionais assumam posições de liderança e de gestão de serviços de saúde, por exemplo. No fim das contas, elas acabam muitas vezes tomando papéis secundários, vice-chefias, à sombra dos homens, geralmente médicos.

Felicia Hill-Briggs, presidente da seção de medicina e ciência da ADA e uma das palestrantes do simpósio, enumerou algumas características que fazem diferença na trajetória de mulheres de sucesso:

  • Ter a casca grossa, ou seja, não se deixar abater com facilidade;
  • Ter um mentor forte na instituição;
  • Permanecer flexível e criativa;
  • Criar ela mesma oportunidades de liderança e aproveitar as chances para fazer mudanças no sistema;
  • Alavancar a carreira de outras mulheres.

Homens geralmente dependem mais apenas do próprio esforço do que as as mulheres. Já elas têm praticamente de pavimentar a própria trilha. “Mesmo com um currículo parecido, muitos homens avançam na carreira e as mulheres não. Nós precisamos aprender mais sobre os caminhos institucionais e com quem falar”, diz a psicóloga, que é professora da Universidade Johns Hopkins.

Ela, que é negra, afirma que o preconceito racial pode agravar a situação. “É comum ouvir que ‘alguém como você’ não pode assumir determinada posição de liderança.”

A médica Elizabeth Seaquist, da Universidade de Minnesota, afirma que mesmo com a fração de mulheres em ritmo crescente entre o total de docentes da área médica, nas posições mais altas da carreira, em dados de um conjunto de instituições, elas ainda se encontram subrepresentadas, com a proporção estagnada na casa dos 20%.

Outro grande problema, diz, é a questão do assédio no ambiente acadêmico. “Não é por acaso que grandes revistas médica, Jama e New England Journal of Medicine, recentemente trataram do tema.”

“As mulheres não sabem se é seguro falar a respeito desses assuntos, se não vão sofrer represálias.” Nesse sentido, o impacto do movimento #metoo é bem-vindo e pode fomentar o funcionamento adequado dos comitês institucionais antiassédio, opina.

Em um documento recente lançado pela as academias nacionais de Ciência, Engenharia e Medicina, as instituições afirmam que as ações de combate ao assédio tem falhado e sugeriram reformas profundas  e punições severas para lidar com a questão.

O jornalista viajou a Orlando a convite da Sanofi


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Número de cegos pode saltar de 36 milhões para 115 milhões em 2050; Brasil pode ser mais afetado https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/09/14/numero-de-cegos-pode-saltar-de-36-milhoes-para-115-milhoes-em-2050-brasil-pode-ser-mais-afetado/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/09/14/numero-de-cegos-pode-saltar-de-36-milhoes-para-115-milhoes-em-2050-brasil-pode-ser-mais-afetado/#respond Thu, 14 Sep 2017 09:08:50 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2017/09/braile-180x99.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=785 Os oftalmologistas estão preocupados com o aumento no número de pessoas cegas no mundo. Segundo estimativas de um estudo publicado na revista “Lancet”, o total de afetados deve saltar de 36 milhões para 115 milhões em 2050. As pessoas com visão comprometida podem passar dos atuais  217 milhões para 588 milhões. O tema foi discutido no 61º Congresso Brasileiro de Oftalmologia, que aconteceu na última semana, em Fortaleza.

Hoje existem cerca de 1,2 milhão de cegos no Brasil e o prognóstico não é muito bom para o país por causa do grande número de acidentes e da dificuldade de acesso à saúde, diz o oftalmologista Paulo Augusto de Arruda Mel, que já foi presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e que conversou com o Cadê a Cura? por e-mail.

Grande parte dos casos de cegueira é reversível –é o caso das pessoas com catarata e que ainda não passaram por cirurgia.  Mas outros problemas oftalmológicos, como retinopatia diabética, glaucoma e degeneração macular, podem ser mais graves e se não forem tratados a tempo levam à perda irreversível da visão. Apesar da falta de estatísticas confiáveis na área, a certeza dos médicos é que o assunto deve continuar sendo discutido.

*

Cadê a Cura? – Quais são os principais fatores que vão levar a tamanho aumento na quantidade de pessoas cegas nos próximos anos, de 36 milhões para 115 milhões em três décadas?

Paulo Augusto de Arruda Mel – O primeiro deles é o envelhecimento da população [passaremos dos atuais 7,5 bilhões para quase 10 bilhões de pessoas em 2050]. Nós assistimos hoje uma série de doenças que eram raras, tinham pequena prevalência e hoje são muito mais frequentes. Isso faz com que até os gestores de saúde tenham que mudar seu foco, agora precisam deixar mais verbas para patologias que antes eram precisavam de pouca atenção. Outros aspectos que também preocupam muito são o número de acidentes e a dificuldade de acesso à saúde.

Quais são os principais fatores ou doenças que levam à cegueira no Brasil e no mundo? Há alguma discrepância?

Somos um país em desenvolvimento, então não podemos comparar o que acontece aqui com os países já desenvolvidos, mas  sabemos que os países em desenvolvimento têm um maior índice de cegueira por número de habitantes. Existem dois tipos de cegueira, a irreversível e a  reversível. Dentro desse segundo tipo temos a catarata, que afeta muitas pessoas pessoas. Felizmente nós ainda encontramos, em algumas regiões, um grande número de cegos que podem ser recuperados, voltando a realizar todas as atividades.

Nós ainda temos as cegueiras irreversíveis, que são as mais frequentes, como o glaucoma e as doenças da retina, como a retinopatia diabética, que preocupa muito. E também temos as doenças maculares relacionada à idade. A grande preocupação é que, com esse aumento da idade média da população, tenhamos uma ocorrência maior dessas doenças. 

 

Projeção da evolução dos afetados por cegueira (azul) e por problemas de visão de moderados a graves (vermelho) (“Lancet”)

 

O que é possível fazer, além de ir mais frequentemente ao oftalmologista, para evitar essas perdas?

Um compromisso muito importante é trabalhar com a população de risco. Nós sabemos que as pessoas acima de 40 anos têm maior possibilidade de desenvolver glaucoma; as pessoas diabéticas, de desenvolver doenças de retina. É importante alertar a população que apresenta fatores de risco. Por exemplo, numa família em que um membro é portador de glaucoma, a probabilidade de ter outro portador da mesma doença é muito maior do que numa família que não possui nenhum glaucomatoso. Então o portador deve ser orientado para que, numa reunião social de família, comunique a todos sobre a existência da doença.

É possível evitar a cegueira pelo glaucoma, que, se tratado precocemente, com o paciente tendo uma boa fidelidade ao tratamento, apresenta possibilidade de ter visão pela vida toda. Além disso, também devemos educar outros profissionais de saúde e outros médicos não oftalmologistas para que possamos prevenir a cegueira no país.

A população está ficando mais negligente com o cuidado com a visão?

Não acredito que seja o caso. Eu sugiro que os leitores perguntem sempre, em qualquer  procedimento sugerido, a quais riscos estão se sujeitando. Hoje a população está mais consciente do que no passado, mas ainda pode melhorar.

 

As complicações de cirurgias refrativas ou de catarata estão relacionadas ao aumento da perda de visão?

Não, as complicações das cirurgias de catarata e de cirurgias refrativas não estão no rol da causa do aumento da cegueira. Ambos os procedimentos apresentam bons resultados hoje em dia.

 

Existem outros entraves no combate à perda de visão? Como superá-los?

O Brasil é um país continental, em algumas regiões há dificuldade no acesso à saúde, e existem poucas políticas governamentais a respeito. 

Estamos vivendo em uma economia de guerra, cada centavo é crucial e a área da saúde também é alvo dos cortes. Os vários projetos governamentais devem passar por um estudo de farmacoeconomia –uma análise de como conseguir um resultado eficaz usando poucos recursos.

Se até quando nós [do CBO] abraçamos um projeto, como doações de colírios a portadores de glaucoma, por exemplo, nos baseamos em estudos de farmacoeconomia, é importante que os órgãos governamentais façam o mesmo e participem na luta contra a cegueira de maneira econômica e efetiva.

 

O que o senhor pensa sobre teleoftalmologia ou oftalmologia a distância?

Telessaúde é um assunto importantíssimo que nos apaixona sobremaneira. Temos, além da transmissão de conhecimento a distância, a telemedicina, que é a possibilidade de diagnóstico e tratamento do paciente a milhares de quilômetros do médico.

Toda tecnologia exige ainda uma aproximação com o paciente. Nós sabemos que 75% dos diagnósticos podem ser feitos por uma história clínica detalhada e que 85% dos diagnósticos podem ser feitos com a adição de um exame a essa história –e esses são exames fundamentais.

Existe a possibilidade de nós trazermos um atendimento mais econômico à população. Vamos supor, por exemplo, uma cidade a dois dias de barco de Manaus. Se levarmos um retinógrafo e uma pessoa competente para operar esse aparelho e que ela envie uma imagem para um grande centro de oftalmologia, esse centro pode dizer quais são os habitantes daquela cidade que precisam ser transportados a Manaus para fazer um procedimento a laser para preservar a visão.

É fundamental, porém, que isso seja feito isso de forma apropriada, de forma a garantir a resolução dos casos, pois de nada adianta ter um diagnóstico se o paciente não pode ser submetido ao tratamento. É necessário ter médicos no começo e no fim da ação.

 


Catarata senil

A catarata é qualquer nível de opacidade do cristalino que acarrete a diminuição da visão. As alterações podem levar, desde pequenas distorções visuais, até à cegueira. Aproximadamente 85% das cataratas são classificadas como senis (maior incidência na população acima de 50 anos). A correção cirúrgica é a única opção para a recuperação da capacidade visual do portador de catarata.

 

Glaucoma

Condição que provoca lesão no nervo óptico e deteriora do campo visual, podendo levar à cegueira. A modalidade crônica costuma atingir pessoas a partir de 35 anos de idade. Como os sintomas costumam aparecer em fase avançada, o exame oftalmológico anual preventivo, é fundamental.  Em geral, o tratamento é feito com colírios. A cirurgia se torna opção quando o tratamento clínico não apresenta resultados

Retinopatia diabética

Só por ter diabetes o risco de perder a visão 25 vezes maior. O controle cuidadoso da doença, com uma dieta adequada e acompanhamento médico, é a principal forma de evitar o desenvolvimento da retinopatia diabética

Degeneração macular relacionada à idade

Ocorre geralmente após os 60 anos de idade e afeta a área central da retina (mácula). A DMRI causa baixa visão central (mancha central), trazendo comprometimento da qualidade de vida. Os danos à visão central são irreversíveis, mas a detecção precoce e os cuidados podem ajudar a controlar alguns dos efeitos da doença


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Um a cada cinco diabéticos não sabe o tipo da própria doença, mostra nova pesquisa https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2016/08/29/um-a-cada-cinco-diabeticos-nao-sabe-o-tipo-da-propria-doenca-mostra-nova-pesquisa/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2016/08/29/um-a-cada-cinco-diabeticos-nao-sabe-o-tipo-da-propria-doenca-mostra-nova-pesquisa/#respond Mon, 29 Aug 2016 21:27:54 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2016/08/4293213857_b95a3a4dc3_o1-180x127.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=363 Uma nova pesquisa do Ibope, divulgada aqui em primeira mão pelo Cadê a Cura?, mostra que 18% dos diabéticos não sabem o tipo que têm. No total, são 13 milhões de afetados no país.

São dois os principais tipos. O tipo 1, também conhecido como juvenil, é aquele diabetes em que a produção de insulina está prejudicada pela morte das células do pâncreas que a sintetizam.

O segundo é aquele no qual a resposta do organismo à insulina vai perdendo eficácia. O hormônio é responsável por fazer as células captarem o açúcar do sangue (é hipoglicemiante). É necessário um fino ajuste no nível de glicose para que o organismo possa, ao mesmo tempo, armazenar essa fonte de energia e não sofra com seus excessos –como dano em nervos, impotência e aumento de chance de acidentes vasculares como infarto e AVC.

Uma explicação possível para esse alto nível de 18% de desconhecimento seria a de que a maior parte dessas pessoas tem diabetes tipo 2. Isso porque quando se tem diabetes juvenil a pessoa já é acostumada com injeções de insulina e também a explicar para todo mundo por que o diabetes dela não é causado pela obesidade ou pelos maus hábitos de vida.

DOENÇAS

A nova pesquisa do Ibope entrevistou, via internet, 600 pessoas de seis Estados do país. Metade delas era de São Paulo e tinham, na média, 37 anos. Outras 145 pessoas, diabéticas, também participaram (média de 41 anos e notadamente de classes sociais mais elevadas e escolarizadas).

Uma das questões pedia para os participantes compararem o diabetes a outras doenças, como obesidade. Veja os resultados:

O perfil geral é o mesmo, mas é possível notar um pouco mais de preocupação dos diabéticos em relação a outras doenças (talvez porque tenham conseguido controlar adequadamente o diabetes com drogas e dieta).

MEDO

A pesquisa também avaliou o conhecimento das consequências do diabetes entre as duas amostras. Notadamente os diabéticos tendem a saber mais que a doença pode acarretar impotência sexual, perda de memória e problemas renais.

A consequência mais “famosa” do diabetes são as amputações de membros, conhecidas igualmente por 86% das duas amostras. E também são as amputações as líderes em uma escala de preocupação de quem tem diabetes, junto com o medo de ficar cego:

 

O pouco medo da doença cardíaca preocupa. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, o risco de morrer por algum problema cardiovascular é quatro vezes maior em quem tem diabetes tipo 2. O diabetes também é a maior causa global de insuficiência renal do mundo –de 20% a 40% dos diabéticos a desenvolvem.

A pesquisa do Ibope integra as ações de uma campanha que tem início agora, no dia 30, que tem por objetivo específico de conscientizar sobre o impacto do diabetes nos rins e no coração. O pontapé inicial será na estação Clínicas do metrô, em São Paulo, nos dias 30 e 31, das 7h às 16h. Depois a campanha ruma para Salvador, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

A organização promete tentar chocar as pessoas com um painel que vai mostrar em tempo real as mortes em consequência do diabetes a partir do início da campanha.


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Formigamento, dores estranhas e dormência podem ser sinais de neuropatia periférica https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2016/08/26/formigamento-dores-estranhas-e-dormencia-podem-ser-sinais-de-neuropatia-periferica/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2016/08/26/formigamento-dores-estranhas-e-dormencia-podem-ser-sinais-de-neuropatia-periferica/#respond Fri, 26 Aug 2016 20:05:48 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2016/08/6979253251_35dabc80d6_o-180x96.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=356 Certamente você ou alguém que conhece já reclamou de dormência em alguma parte do corpo, ou mesmo de um membro que formiga ou daquele tique estranho na lateral do olho. Todos esses são possíveis sintomas de neuropatia periférica.

A doença nada mais é do que a perda do funcionamento normal dos nervos, responsáveis tanto pela sensação de dor quanto de toque, além do movimento. As causas podem ser várias.

Uma das possibilidades é que haja uma compressão dos nervos, como aquela que acontece em  uma postura errada ao sentar (sobre os calcanhares, por exemplo), ou, em um caso mais grave, após uma hérnia de disco, explica o neurologista Ronaldo Herrera.

Estima-se que 30% da população corra risco de desenvolver neuropatias, isso porque ela é muito comum em diabéticos (até 60% podem ter) e também em idosos (50%), frações numerosas da população.

No diabetes a causa provável é o excesso de açúcar, que lesa os pequenos vasos que nutrem os nervos, causando sensações estranhas como insuportáveis dores ao suave toque de um lençol. Já com a idade –e a perda da função digestiva–, fica difícil absorver vitamina B12, por exemplo.

Para tratar esses casos existe a chance de repor a vitamina (comum em carnes, daí uma possível preocupação para veganos e vegetarianos) ou mesmo com comprimidos e pomadas.

Outras condições, como o alcoolismo e a cirurgia bariátrica, podem interferir na absorção da vitamina –além de o álcool por si só também ter ter a capacidade de lesar os nervos.

No caso dos diabéticos, a principal conduta é deixar a doença sob controle.

Também há outras origens para a neuropatia, como doenças autoimunes, câncer, infecções e doenças hormonais.

PREVENÇÃO

A importância da prevenção aparece quando fica claro que existe um “ponto sem retorno” na lesão nervosa, ou seja, quando o nervo não consegue mais se regenerar (e as estranhas sensações ou movimentos, ou falta deles, se perpetuam). Além do formigamento, pode haver fraqueza extrema e perda da sensibilidade, como a sensação de que é usada uma luva ou a de que os membros afetados (geralmente mãos e/ou pés) estão envolvidas por plástico.

Com a ideia de bater nessa tecla, a Academia Brasileira de Neurologia e a farmacêutica Merck estão lançando uma campanha de conscientização sobre a doença.

Em São Paulo, acontecerá uma ação com médicos voluntários para orientar quem estiver no metrô Ana Rosa nos dias 31 de agosto e 1º de setembro (próximo às catracas).

Veja abaixo o simpático e divertido vídeo de 15 segundos da campanha (mais informações no site escuteseusnervos.com.br):


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Cruzada contra adoçantes carece de evidência; diminuí-los na dieta pode ser vantajoso, porém

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Cruzada contra adoçantes carece de evidência; diminuí-los na dieta pode ser vantajoso, porém https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2016/08/12/cruzada-contra-adocantes-carece-de-evidencia-diminui-los-na-dieta-pode-ser-vantajoso-porem/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2016/08/12/cruzada-contra-adocantes-carece-de-evidencia-diminui-los-na-dieta-pode-ser-vantajoso-porem/#respond Fri, 12 Aug 2016 09:06:19 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2016/08/325400_3194682-176x180.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=330 Você, de repente, pode ter tropeçado por aí em alguma reportagem ou post nas redes sociais sobre um novo artigo científico da revista “Cell Metabolism” que mostra uma possível sinalização do cérebro pela qual a ingestão de adoçantes, mais especificamente a sucralose, teria uma função orexígena, isto é, faria aumentar a fome e, consequentemente, a ingestão calórica.

Chega a ser curioso: ao tentar emagrecer ou controlar a glicemia estaríamos armando uma arapuca para nós mesmos. É mais complexo do que isso. Em humanos, a decisão de comer ou não é processada mentalmente e, de fato, “escolhida”. Por mais fissura que se tenha, ninguém come um bolo de chocolate inconscientemente.

Como quase tudo que se vê por aí, o estudo foi feito em animais (não seria ético forçar pessoas a comerem algo que possivelmente faz mal, certo?). Quando se pensa em humanos, porém, a questão ganha nuances complicadas de se considerar ou analisar. Se fossem roedores, já seria uma extrapolação exagerada –agora, em moscas?

(Moscas são organismos-modelos intensamente utilizados na área de genética e evolução. Em outras áreas são mais comuns os vermezinhos C. elegans e, em outras, coelhos, ratos e camundongos, por exemplo.)

Não dá para pegar um único estudo catequizar o mundo como se aquelas páginas fossem novas inscrições na Tábua de Moisés –“não ingerirás adoçantes”. O mundo e a ciência são gratos pela revelação da possibilidade, mas isso não implica uma mudança compulsória dos hábitos alimentares. O nível de evidência [grau de confiabilidade acerca de uma proposição] é muito baixo para isso.

Não é à toa que não há veto de agências regulatórias como FDA (EUA) e Anvisa (Brasil) a esse tipo de substância.

Um outro estudo marcante foi aquele publicado em 2006 pela revista “Environmental Health Perspectives”, que alimentou alguns milhares de bichos com doses crescentes de aspartame e observou um maior risco para o desenvolvimento de tumores no trato urinário e de linfomas associado ao aumento da ingestão do adoçante.

Como quase tudo que nos é ofertado nessa vida, provavelmente há mal no excesso das substâncias na dieta. Não penso, no entanto, que a saída é evitá-las a todo custo.

PROPOSTA

Imagino que ninguém faça uso do aspartame pelo sabor, ao contrário: sabidamente muitos fogem de alimentos light por causa do gostinho residual ruim. Na conta dos que têm de usá-los estão pessoas com diabetes ou em dieta, que precisam reduzir a ingestão de açúcares.

Considerando a atual tendência nutricional antiaçúcar, não dá para simplesmente tirar os adoçantes de cena. O que é possível, claro, é um consumo racional.

É possível acostumar o paladar a cada vez menos adoçantes ou açúcar, principalmente em bebidas como café e sucos. As vezes, a versão “crua”, sem nenhum dos dois, pode ser prazerosa.

Se não dá para abrir mão daquele docinho light ou refrigerante zero durante/depois do almoço, é possível reduzir a quantidade e evitar a possível sobrecarga de adoçantes no organismo.

Estamos no ramo da especulação, mas veja: se não existem dados o suficiente para sustentar a tese de que os adoçantes fazem mal, não há nenhum dizendo que eles são benéficos. Reduzir quantidade em nossas vidas não acarretaria nenhum mal e, quem sabe, se os estudos citados acima estiverem apontando na direção correta, traria até benefícios.

Provavelmente o mesmo raciocínio de redução no consumo vale para o açúcar, contra o qual se empilham evidências de que ele é, de fato, um dos vilões da alimentação moderna.


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