Cadê a Cura? https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br Sobre doenças e suas complicações e o que falta para entendê-las e curá-las Thu, 19 Mar 2020 00:39:51 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Por que as pessoas mentem para os médicos? https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/12/07/por-que-as-pessoas-mentem-para-os-medicos/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/12/07/por-que-as-pessoas-mentem-para-os-medicos/#respond Fri, 07 Dec 2018 20:21:52 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2018/12/186958_web-320x213.jpg https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=1034 As pessoas, vez ou outra, mentem para os médicos e outros profissionais da saúde. Mas qual o sentido de mentir se, quanto mais o profissional sabe a respeito do paciente, melhor é o cuidado?

Um estudo americano conduzido com 4.510 indivíduos aponta que de 60% a 80% das pessoas (idosos e jovens, respectivamente) omitem ao menos uma informação importante de seus médicos, como:

  • não entender as instruções dadas pelo profissional de saúde;
  • discordar das recomendações;
  • não se exercitar regularmente;
  • ter dieta não saudável;
  • tomar determinado medicamento;
  • não seguir as instruções de prescrição;
  • tomar medicamento de outra pessoa.

Várias são as explicações para as omissões de informações importantes. As cinco respostas mais citadas foram estas:

  • evitar ser julgado ou levar sermão;
  • não querer sabe o quão perigosa foi a atitude em questão;
  • vergonha;
  • não passar a impressão de que é um paciente difícil de lidar;
  • não tomar muito tempo do profissional.

Além do óbvio, que pacientes (especialmente os enfermos) podem ser mal assistidos por causa das informações incorretas ou faltantes, os autores concluem que é preciso encontrar meios de melhorar o nível de confiança entre pacientes e profissionais de saúde e de deixar os pacientes confortáveis para falar o que tem que ser dito.

“Fiquei surpresa com o número substancial de pessoas que não fornecem informações inofensivas, e que elas admitem isso”, diz Andrea Gurmankin Levy, autora do estudo e pesquisadora na Middlesex Community College, em Middletown (Connecticut, EUA). “Nós também temos que considerar uma interessante limitação do estudo de que os pacientes podem ter escondido informações sobre o que escondem dos médicos, o que significaria que estamos superestimando o quão prevalente é esse fenômeno.”

“Se pacientes não falam o que comem ou que remédio tomam, pode haver implicações significativas para a saúde. Especialmente se eles têm doenças crônicas”, diz Levy.

A pesquisa está publicada na revista Jama Network Open.


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Correntes sobre saúde em redes sociais fazem mais mal do que bem https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/02/09/redes-sociais-e-saude/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/02/09/redes-sociais-e-saude/#respond Fri, 09 Feb 2018 11:29:00 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2018/02/water-plant-fruit-orange-food-produce-fresh-lemonade-drink-lemon-lime-juice-close-up-coconut-sliced-citrus-flowering-plant-land-plant-lemon-lime-994734-150x150.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=888 É provável que o leitor ou algum de seus conhecidos já tenha recebido pelas redes sociais (ou por e-mail) mensagens de texto, de vídeo e áudio contendo mirabolantes formulações que supostamente curam todo tipo de câncer, dicas “infalíveis” de dieta ou alertas contra supostos perigos de vacinar as crianças.

Uma análise mais cuidadosa do conteúdo desse material (assim como boa parte do que circula nessas redes sobre outros assuntos) mostra que as teses não param em pé. No caso da nutrição, sobra gente maldizendo o leite, mandando adotar o sal do Himalaia na dieta ou dizendo que adoçante é “câncer na certa” –como recebi recentemente.

A nutrição, como área de estudo, não nasceu ontem. E parece que as pessoas esquecem disso na hora de apertar o botão de compartilhar, ávidas para serem portadoras de uma novidade que seria deliberadamente escondida ou ignorada por especialistas.

Existem inúmeras discussões nutricionais relevantes –o açúcar parece ser mais vilão hoje do que era no passado; a gordura, por sua vez, tem tido parte de sua má reputação aliviada por novos estudos; alguns adoçantes, eventualmente, podem fazer uma pessoa ter mais fome. Como vale para quase tudo na ciência biomédica, as coisas não são preto no branco (vide nosso último post sobre suplementação de cálcio e vitamina D).

As consequências do consumo dos diversos nutrientes podem ser muito diferentes dependendo da condição clínica e do organismo de uma pessoa. E não é porque alguns têm alergia a leite de vaca que, de repente, o alimento passa a ser um vilão nutricional (já falamos sobre o leite aqui no blog Cadê a Cura?, em outra ocasião).

Quando explodiram os casos de recém-nascidos com microcefalia decorrentes da infecção materna pelo vírus da zika, logo ganhou as telas de celulares um vídeo de um sujeito afirmando que o surto teria sido causado pela aplicação de vacinas provenientes de um lote estragado. Bobagem, mais uma vez.

Imagine um paciente que recebeu uma mensagem dizendo que espinheira-santa e graviola curam câncer de intestino e que decide largar o tratamento convencional –que, em muitos casos, cura–, passando a tomar chazinho –sobre o qual não há qualquer evidência científica sólida. O maior prejudicado aí não é o laboratório farmacêutico, que deixou de lucrar com suas drogas, e sim o próprio paciente, que provavelmente terá sua vida abreviada.

O risco de tomar uma decisão baseada na “sabedoria” das redes sociais é enorme. As consequências de mudar a esmo a maneira de se tratar diabetes –abandonando o adoçante, supostamente cancerígeno, em favor de algum tipo de açúcar– ou de deixar de vacinar uma criança contra rubéola –por um receio infundado de “metais pesados” no vidrinho– podem ser terríveis.

Há, sim, benefícios na difusão boca a boca (ou celular a celular) de informações de saúde, como na ameaça do surto de febre amarela, quando munícipes de São Paulo, por exemplo, puderam trocar mensagens sobre quais postos tinham mais ou menos fila de interessados na vacinação. Em casos assim, as informações são verificáveis, de acesso público –não há tanto espaço para invencionices (apesar de haver gente tentando matar macacos, que, assim como humanos, são vítimas da doença).

A melhor maneira de se prevenir contra boatos, farsas e inverdades é buscar, consumir e repercutir conteúdo produzido por fontes que tenham uma boa reputação –vale a pena gastar um tempinho buscando artigos científicos (que nem sempre são consensuais ou obrigatoriamente verdadeiros, vale lembrar) ou conteúdo produzido por quem faz jornalismo profissional.

Uma consulta cara a cara com um profissional capacitado e que tenha conhecimento e tempo para analisar todas as variáveis relevantes e ajudar o paciente a tomar a melhor decisão é insubstituível. Mas, de novo, cuidado: existe um número não desprezível de picaretas por aí –até vacina homeopática contra febre amarela já inventaram.


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Curso dá gostinho da vida científica na área biomédica para vestibulandos; inscrições até 3/6 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2016/06/01/curso-da-gostinho-da-vida-cientifica-na-area-biomedica-para-vestibulandos-inscricoes-ate-36/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2016/06/01/curso-da-gostinho-da-vida-cientifica-na-area-biomedica-para-vestibulandos-inscricoes-ate-36/#respond Wed, 01 Jun 2016 09:35:05 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2016/05/CX238_15AA_9-180x123.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=133 Alerta: Esse é um post com prazo de validade –dia 3 de junho de 2016, quando se encerram as inscrições para o “XIV Curso de Inverno – Uma aproximação às Ciências Biomédicas”.

A maioria das pessoas, como este escriba e a grande maioria dos leitores do “Cadê a Cura?” e da Folha, não está em busca de curas para as doenças que afligem o mundo, mas sim apenas esperando ou torcendo para que elas apareçam.

Para cada regra, claro, existem exceções. Alguns de nós também são cientistas das áreas biomédicas, preocupados em entender e em curar doenças. Já pensou que esse pode ser seu papel no mundo, o de achar uma cura?

Jovens que estão cursando o 3º ano do ensino médio e demais vestibulandos podem pleitear uma das 30 vagas do “XIV Curso de Inverno – Uma aproximação às Ciências Biomédicas”, organizado e ministrado por estudantes de biomedicina da Escola Paulista de Medicina (Unifesp, campus São Paulo) e testar se, de repente, essa vida é pra eles.

A ideia do curso é trazer algumas cápsulas de conteúdo da graduação em biomedicina da Unifesp (que não é muito diferente do conteúdo outros cursos, como biologia ou biotecnologia) de modo a imergir os 30 selecionados no mundo universitário e da pesquisa por uma semana.

Anderson Silvério Júnior, 18, teve a chance de frequentar o Curso de Inverno no ano passado passou no vestibular e agora é calouro do curso biomédico da Unifesp. Ele, que pretende seguir a carreira acadêmica, aprova a experiência: “O curso nos inseriu na rotina da universidade, ele é dado no horário real da biomed, das 8h às 18h. Foi bom para mostrar como é estudar em um período mais puxado como esse”.

TRADIÇÃO

A atividade tem 14 anos de tradição e começou em 2002 com a ideia do biomédico Eloi Francisco Rosa, hoje pró-reitor de pós-graduação, pesquisa e extensão da Unisa.  Rosa estava no terceiro ano de faculdade e resolveu investir seu tempo na proposta após um outro projeto de que participou, de um cursinho universitário pré-vestibular , iniciar suas atividades.

“Eu estava muito engajado no fortalecimento da questão do desenvolvimento de novos docentes e na popularização da ciência. Continuo até hoje. Eu ainda acredito que o conhecimento científico emancipa o indivíduo por aumentar sua capacidade de entender o mundo e discuti-lo criticamente”

“Depois da primeira edição em 2002, em 2003 eu voltei a organizar, mas agora convidando nossos calouros do 3º ano para participarem. A ideia era criar uma estrutura que se mantivesse mesmo sem eu estar liderando. Acho que consegui, mesmo com a distorções que a proposta inicial sofreu…”

Exerto da proposta original de Eloi Francisco Rosa para o curso; vamos perdoá-lo por usar Comics Sans --na época era 'cool'
Excerto da proposta original de Eloi Francisco Rosa para o primeiro curso, em 2002; vamos perdoá-lo por usar a fonte Comics Sans –na época era moda (crédito: Reprodução)

Rosa se refere à abertura pela qual o curso passou, atendendo também a alunos de colégios e cursinhos particulares (i.e. não carentes). Sorte para todas as outras pessoas que querem sentir na pele um pouquinho da emoção de ser biomédico.

Nas aulas práticas, entre outras atividades, os alunos irão extrair e manipular DNA, cultivar bactérias em placas de Petri e conhecer o laboratório de anatomia da Unifesp e suas peças anatômicas.

Nessa edição, haverá palestras de biomédicos de diversas áreas de atuação, como a pesquisa científica, a reprodução assistida e a perícia criminal. Veja mais no site do evento.

DICA

Quer aumentar suas chances de ser selecionado? No formulário, capriche na justificativa de porque você quer participar do curso e qual seria sua relação com as ciências biológicas/biomédicas. Seja criativo e lembre que se sua resposta for sem graça, as chances de seleção pela comissão organizadora são mínimas.


XIV Curso de Inverno – Uma aproximação às Ciências Biomédicas

 

Quando: de 27 de junho1º de julho de 2016, das 8h às 18h

Inscrições até 3 de junho na página do evento: sites.google.com/site/cibiomedunifesp

Seleção: Primeira lista será divulgada em 13 de junho; a segunda, em 17 de junho. Depois, mediante declaração de interesse, haverá uma “repescagem”

Vagas: 30

Local: Campus São Paulo da Unifesp (Vila Clementino, na zona sul da capital)

Critério de seleção: a partir das respostas da ficha de inscrição; a ser definido pela comissão organizadora

Preço: R$ 15,00 (somente para os selecionados, no ato da matrícula)


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