Cadê a Cura? https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br Sobre doenças e suas complicações e o que falta para entendê-las e curá-las Thu, 19 Mar 2020 00:39:51 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Infecção anterior por dengue piora microcefalia por zika em roedores https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2019/02/27/infeccao-anterior-por-dengue-piora-microcefalia-por-zika-em-roedores/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2019/02/27/infeccao-anterior-por-dengue-piora-microcefalia-por-zika-em-roedores/#respond Wed, 27 Feb 2019 21:01:43 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2016/09/14345517822_4c8271d94e_k-180x116.jpg https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=1099 Um estudo publicado nesta quarta (28) mostra que é possível que infecções anteriores pelo vírus da dengue piorem a gravidade da microcefalia gerada pelo vírus da zika. Os experimentos foram feitos em camundongos os resultados são mais uma peça no quebra cabeça que intriga cientistas desde 2015, quando o surto teve início no Brasil.

Os vírus da família dos flavivírus (como dengue, zika e febre amarela) apresentam neurotropismo, ou seja, têm uma preferência natural em infectar e se reproduzir em células do sistema nervoso, mas só o vírus da zika sabidamente causa microcefalia.

Nos experimentos, em camundongos fêmeas infectadas apenas com vírus da zika também houve redução no tamanho da cabeça, mas naqueles que já tinham anticorpos contra o vírus da zika a má-formação foi acentuada.

Uma explicação possível para o fenômeno é a atividade da proteína FcRN, responsável por transferir anticorpos da mãe para os fetos.

Comparação dos tamanhos da cabeça de fetos de camundongo controle, infectado com vírus da zika e infectado por vírus da zika em fêmea que já teve dengue (crédito: Science Advances)

No organismo dos fetos, os anticorpos antidengue, ao se ligarem de maneira inefetiva às partículas virais de zika, aumentariam o poder de infecção delas, ampliando o efeito e minimizando as chances de o organismo combatê-las.

A importância desse fenômeno, conhecido como potencialização dependente de anticorpos (ou ADE, na sigla em inglês), para explicar o grande número de casos de bebês com microcefalia e outras más-formações, especialmente no Nordeste, ainda é motivo de debate entre cientistas.

Recentemente um estudo epidemiológico em humanos apontou justamente o oposto do observado nesse novo estudo em animais, ou seja, que a imunidade para dengue poderia ajudar a prevenir casos graves decorrentes de infecção do vírus da zika.

O virologista Maurício Lacerda Nogueira, da Faculdade de Medicina de Rio Preto, foi um dos coordenadores do estudo com humanos, feito com 1.500 moradores de um bairro de Salvador. Segundo ele não dá para dizer que esse seja o mecanismo que explique a presença do surto de microcefalia no Nordeste. Se a explicação fosse apenas a infecção prévia por dengue, restaria ainda explicar as baixas taxas de casos de microcefalia nas regiões de Ribeirão Preto (interior de São Paulo), de Manaus e na Colômbia, por exemplo.

“Não bate com as evidências epidemiológicas que temos. Eu ainda não compro essa explicação”, afirma Nogueira.

Segundo os autores do novo estudo, que saiu na Science Advances, ainda falta compreender os mecanismos envolvidos no transporte de anticorpos da mãe para o feto em humano. Na nossa espécie, que tem uma gestação muito mais longa que a de camundongos (38 versus 3 semanas), alguns momentos do desenvolvimento parecem ser mais sensíveis do que outros.

No fim das contas ainda há questões a serem resolvidas enquanto o fantasma das arboviroses continua a nos assombrar.


Gostou? Compartilhe. Não gostou? Quer desabafar? Elogiar? Tem algo novo para me contar? Comente abaixo ou contate-me nas redes sociais (InstagramFacebook Twitter). Se preferir, escreva para cadeacura (arroba) gmail (ponto) com

Clique aqui e receba as novidades do blog

Você pode acessar (e divulgar) o blog Cadê a Cura? pelo endereço folha.com/cadeacura

Leia posts recentes:

Cremação de paciente que tomou droga radioativa gera contaminação nos EUA

Super-humanos? Talvez em breve

Entenda por que a dengue tipo 2 pode ser perigosa

]]>
0
Entenda por que a dengue tipo 2 pode ser perigosa https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2019/02/01/entenda-por-que-a-dengue-tipo-2-pode-ser-perigosa/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2019/02/01/entenda-por-que-a-dengue-tipo-2-pode-ser-perigosa/#respond Fri, 01 Feb 2019 10:18:49 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2016/07/BRAZIL-TREATMENT_53056421-180x134.jpg https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=1074 Existem quatro subtipos de vírus da dengue: 1, 2, 3 e 4. Na prática, isso significa uma doença “quatro em um”. Isso porque quando um indivíduo se infecta com um dos tipos, no caso de uma boa resolução, ele se torna imune apenas a ele.

Ou seja, numa segunda vez que o indivíduo seja picado por um Aedes e pegue dengue (de um outro tipo) ele tem chance de ter a doença de novo. Pior: a infecção pode ser mais grave, na forma de dengue hemorrágica, mais letal.

Na dinâmica epidemiológica da dengue, a cada três ou quatro anos um dos tipos acaba sendo mais presente. Ao que tudo indica, nesse verão será o tipo 2 o que vai trazer mais preocupação aos brasileiros.

O tipo 2, em particular, representa uma espécie de desafio para a confecção de vacinas. Segundo estudos, a estrutura dele é peculiar em relação à dos demais tipos. É particularmente difícil, nesse vírus, encontrar um lugar onde os anticorpos possam se ligar e desencadear a resposta imunológica do organismo.

A vacina atualmente disponível contra a dengue no mercado, a Dengvaxia, da Sanofi, é menos eficaz contra o tipo 2 do que contra os demais, de acordo com pesquisas da própria empresa. Atualmente, ela só é indicada para quem já teve dengue ao menos uma primeira vez e é capaz de prevenir 93% de casos graves.

Uma nova infecção pode ser mais grave devido à ligação ineficaz de anticorpos, gerados em uma infecção anterior ou em resposta a uma vacina, aos vírus. É o que os cientistas chamam de potencialização dependente de anticorpos (ADE, na sigla em inglês).

O ADE também é uma das hipóteses para explicar por que houve tantos casos graves de zika no mundo nos últimos anos: os anticorpos antidengue se ligariam fracamente ao vírus da zika, amplificando seu potencial para causar desastres neurológicos.

 

Gostou? Compartilhe. Não gostou? Quer desabafar? Elogiar? Tem algo novo para me contar? Comente abaixo ou contate-me nas redes sociais (InstagramFacebook Twitter). Se preferir, escreva para cadeacura (arroba) gmail (ponto) com

Clique aqui e receba todas as novidades do blog

Você pode acessar (e divulgar) o blog Cadê a Cura? pelo endereço folha.com/cadeacura

Leia posts recentes:

Morre o cardiologista Antonio Carlos Carvalho, que ajudou a reduzir mortes por infarto

Quais são os riscos de ter diabetes do tipo 1?

Microambiente tumoral pode esconder resposta contra o câncer

]]>
0
Matemáticas desvendam comportamento da gripe e do ebola https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/08/23/matematicas-desvendam-comportamento-da-gripe-e-do-ebola/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2018/08/23/matematicas-desvendam-comportamento-da-gripe-e-do-ebola/#respond Thu, 23 Aug 2018 05:03:29 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/broad-street-320x213.jpg https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=1003 O médico John Snow (1813-1858, não confundir com Jon Snow, o herói bastardo de “Game of Thrones”) mostrou, em meados do século 19, que um surto de cólera em Londres tinha a ver com água infectada. A conclusão veio de uma associação geográfica entre os casos e uma bomba de abastecimento contaminada com esgoto em Londres.

Era o fim a teoria do miasma, espécie de ar maléfico que espalharia doenças, e início da epidemiologia moderna —uma das área das ciências médicas que mais se valem de cálculos. Embora mais de 150 anos tenham passado, o importante papel da matemática para a compreensão da dinâmica das doenças não mudou.

Em uma de suas linhas de pesquisa, Shweta Bansal, matemática da Universidade Georgetown, em Washington, investiga o comportamento da gripe, doença sazonal causada pelo vírus influenza e o papel das interações sociais para sua disseminação.

Ela conseguiu associar o pico de afecção de adultos ao recesso escolar que acontece em dezembro nos EUA. Outra possibilidade de explicação seriam as viagens para ver a família, mas o rigor matemático mostrou que elas não são decisivas.

O resultado, explica Bansal, pode ajudar as autoridades a elaborarem estratégi23as de prevenção, as quais se somariam às recomendações de vacinação e de higienização das mãos.

Para chegar a essas conclusões, a cientista analisou relatórios semanais, com número de diagnósticos separados por idade, produzidos por de mais de 400 mil médicos espalhados pelo país. As localidades foram identificadas por meio do CEP –algo não muito diferente, em essência, do que fez Snow.

Ajustes tiveram de ser feitos levando em conta, por exemplo, as pessoas que não procuram atendimento médico ou que não têm seguro saúde —responsável por prover parte das informações. Esses dados do mundo real, ou seja, fora de um contexto de estudo controlado, nem sempre são fáceis de se obter e têm de ser ajustados também, por exemplo, pela densidade populacional e de médicos.

Uma outra pesquisa de modelagem matemática aplicada à epidemiologia, comandada por Lora Billings, da Montclair State University, em Nova Jersey, conseguiu aproximar modelos clássicos de espalhamento de doenças à realidade adicionando apenas uma camada de complexidade: uma perturbação, ou ruído, no jargão da área.

O ruído não é uma entidade transcendental. Ele pode ser reflexo da chegada de um novo indivíduo contaminado ou da presença de reservatórios (animais contaminados com os agentes infecciosos).

Mesmo em condições de aparente tranquilidade epidemiológica, pequenos surtos de ebola começaram a pipocar em países como Libéria, Serra Leoa e Guiné antes do grande boom. Resultado: mais de 11 mil mortos entre 2014 e 2016. Após um curto período mais silencioso, neste ano de 2018 já houve um novo surto na República Democrática do Congo.

A partir desse exemplo é possível visualizar a dificuldade de lidar também com outras doenças infecciosas, como dengue, zika e chikungunya.

O mosquito Aedes aegypti já chegou a ser declarado erradicado no Brasil na década de 1950 —e aqui estamos, em um cenário rico em surtos e no qual se busca vacinas para tentar conter a expansão das arboviroses (apesar da intensificação recente de manifestações antivacina, vale notar).

As duas cientistas americanas estão no Brasil a convite do consulado dos EUA, em uma iniciativa para promover colaborações científicas entre os dois países. Entre as possibilidades, diz Billings, está o estudo de como a mudança climática pode interferir no espalhamento das doenças transmitidas pelo Aedes.


Gostou? Compartilhe. Não gostou? Quer desabafar? Elogiar? Tem algo novo para me contar? Comente abaixo ou escreva para cadeacura (arroba) gmail (ponto) com.

Clique aqui e receba todas as novidades do blog

Você pode acessar (e divulgar) o blog Cadê a Cura? pelo endereço folha.com/cadeacura

Leia posts recentes:

Risco de demência e diabetes é menor para quem consome álcool

Estudo decifra rota da zika até o Brasil –doença veio do Haiti

Edição genética de embriões é considerada ética por organização britânica

]]>
0
Contra Aedes, dengue e zika, Juiz de Fora inicia liberação de mosquitos transgênicos https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/11/30/juiz-de-fora-e-o-aedes/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/11/30/juiz-de-fora-e-o-aedes/#respond Thu, 30 Nov 2017 21:39:03 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2016/07/BRAZIL-TREATMENT_53056421-180x134.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=828 A cidade mineira de Juiz de Fora, assim como Piracicaba (SP), fará uso de mosquitos geneticamente modificados para tentar combater o principal vetor urbano de zika, dengue e chikungunya, o Aedes aegypti.

Os primeiros testes tiveram início nesta quinta-feira (30) e devem cobrir uma área onde moram cerca de 10 mil pessoas e na qual há alto risco de dengue. Em 2016 houve mais de 35 mil notificações na cidade; no ano de 2017 elas somam 222.

Em entrevista à Folha, que foi o primeiro veículo a noticiar a chegada dos mosquitinhos transgênicos à cidade, a secretaria de saúde informou que foram gastos em 2016 R$ 7 milhões de reais além do previsto pelo orçamento inicial daquele ano.

A abordagem tecnológica, oferecida pela empresa Oxitec, segundo informações divulgadas nesta quinta, devem custar para o município R$ 3,3 milhões em quatro anos.

Apesar de o valor ser menor que o gasto extra de 2016, é mais do que o dobro que aquele informado inicialmente à Folha no mês de junho pelo município (R$ 1,32 milhão). O contrato só foi assinado em julho.

Devem ser liberados, de acordo com a empresa, dois milhões de mosquitos por semana e o projeto durará dois anos.

INCERTEZAS

Ainda há muita incerteza em relação a qual vai ser o comportamento do mosquito transgênico, também chamado de “Aedes do Bem” (nome comercial), na nova cidade. Isso pode levar a que ajustes tenham de ser feitos “durante o voo”, ao longo dos próximos meses e anos.

Em Piracicaba, por exemplo, houve índices de supressão que superaram os 80%. O acompanhamento será feito por meio de armadilhas que capturam os ovos das fêmeas locais. Os ovos dos Aedes transgênicos (só machos são liberados) com as fêmeas selvagens brilham e não se desenvolvem até à fase adulta.

A expansão da atuação da Oxitec no país vem acontecendo por meio de parcerias com prefeituras, as quais são formatadas como projetos de pesquisa. Isso se dá porque os Aedes do Bem não tem aval de agências reguladoras –já faz mais de dois anos que a tecnologia está na “fila” à espera de um parecer.

Os mosquitos são produzidos em Piracicaba e só os machos são “exportados” (em recipientes refrigerados), chegando a Juiz de Fora em estágio de pupa. Em uma espécie de “maternidade” local, os insetos chegam à fase adulta e são liberados. Eles vivem de dois a quatro dias na natureza. A expectativa da Oxitec é que, no futuro, Juiz de Fora possa abrigar todo o processo de produção.


Gostou? Compartilhe. Não gostou? Quer desabafar? Elogiar? Tem algo novo para me contar? Comente abaixo ou escreva para cadeacura (arroba) gmail (ponto) com.

Clique aqui e receba todas as novidades do blog

Você pode acessar (e divulgar) o blog Cadê a Cura? pelo endereço folha.com/cadeacura

Leia posts recentes:

Pés gigantes em SP alertam sobre doença genética rara PAF, a polineuropatia amiloidótica familiar

Assembleia Estadual de SP deve iniciar nas próximas semanas a CPI da fosfoetanolamina

Grupo de pesquisa do A.C.Camargo vai tentar desvendar segredos da imunoterapia anticâncer

]]>
0
Empresa de biotecnologia Oxitec testará linhagem melhorada de Aedes aegypti transgênico https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/08/08/novo-aedes-transgenico/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/08/08/novo-aedes-transgenico/#respond Tue, 08 Aug 2017 23:46:00 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2016/07/BRAZIL-TREATMENT_53056421-180x134.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=764 Um inovação da empresa de biotecnologia Oxitec pode, além de reduzir seus custos operacionais, ampliar a ação de seus mosquitos Aedes aegypti transgênicos na natureza.

O novo mosquito é diferente do OX513A, usada em testes no país, em Juazeiro (BA), Piracicaba (SP) e, agora, em Juiz de Fora (MG), por exemplo. Ao cruzar com as fêmeas selvagens –e são elas que picam e transmitem doenças–, os machos tornam a prole delas inviável.

A linhagem OX5034 deu um passo adiante. Nela, os machos sobrevivem naturalmente e as fêmeas não se desenvolvem. E isso traz duas consequências importantes.

A primeira é a redução de custos da empresa, que atualmente separa mecanicamente pupas machos e fêmeas de insetos durante a produção dos mosquitos OX513A.

A segunda, epidemiologicamente mais interessante, é que com a prole masculina do inseto sobrevivendo, pode haver um efeito remanescente, isto é, a prole dos Aedes OX5034 nascidos nos locais de soltura e arredores podem continuar inviabilizando a prole de fêmeas remanescentes no futuro.

Esse segundo efeito também pode ter um efeito financeiro, reduzindo o número de mosquitos machos liberados para obter um mesmo efeito.

A artimanha molecular para criar o OX5034 é chamada de sex splicing: os biólogos conseguem fazer com que os mesmos genes sejam ativados diferentemente a depender do sexo da criatura.

TESTES

O novo mosquito, desenvolvido na sede da Oxitec, no Reino Unido, possivelmente será testado em Indaiatuba (SP), a 100 km da capital, que negocia com a empresa a realização de ensaios com 36 meses de duração em diferentes áreas da cidade. A autorização de liberação foi dada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

A decisão do CNTBio indica que há baixo risco para a saúde humana, animal e vegetal, tendo também pouco impacto no ambiente. Convém lembrar que o combate direcionado ao Aedes aegypti não suscita muitos dilemas de natureza ambiental, já que se trata de uma espécie invasora.

“Trata-se de uma autorização só para fazer uma LPMA (Liberação Planejada no Meio Ambiente). Os resultados poderão ser submetidos posteriormente à CTNBio para a emissão de uma autorização para todo o território nacional”, explica Cecília Kosmann, entomologista e coordenadora de suporte científico da Oxitec.


Gostou? Compartilhe. Não gostou? Quer desabafar? Elogiar? Tem algo novo para me contar? Comente abaixo ou escreva para cadeacura (arroba) gmail (ponto) com.

Clique aqui e receba todas as novidades do blog

Você pode acessar (e divulgar) o blog Cadê a Cura? pelo endereço folha.com/cadeacura

Leia posts recentes:

Um terço das causas de demência são evitáveis, aponta estimativa da revista ‘The Lancet’

Campanha cria história em quadrinhos de super-heróis com doenças inflamatórias intestinais

Quando o assunto é saúde, desconfie dos atalhos e das terapias rápidas

]]>
0
Uma pessoa que já teve dengue tem chance de ter uma infecção mais grave por zika? https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/06/29/ade-zika/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/06/29/ade-zika/#respond Thu, 29 Jun 2017 21:23:30 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2017/06/ZIKA_PERNAMBUCO_43_60961915-180x120.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=715 Médicos e cientistas estavam com uma pulga atrás da orelha: será que infecções anteriores pelo vírus da dengue poderiam, de alguma maneira, agravar o efeito do vírus da zika no organismo? A resposta é não.

Um ano atrás, em junho e julho, dois estudos, um na revista “Nature Immunology” e um na revista “Science”, apontavam uma possível interação perigosa entre as infecções. E as vacinas contra a dengue (aquela então recém-lançada pela francesa Sanofi e a que vem sendo desenvolvida pela parceria NIH-Butantan-USP) poderiam piorar esse quadro.

Ao proteger o organismo contra a dengue e gerar anticorpos, essas vacinas estariam, no fim das contas, dando armas (esses mesmos anticorpos, veja só) para outro perigoso inimigo: o vírus da zika.

Imunologistas já haviam descrito um fenômeno batizado de ADE (antibody-dependent enhancement, algo como potencialização dependente de anticorpos). Os anticorpos, em vez de neutralizar e promover a aniquilação de um vírus, acabam se ligando a ele de uma forma “frouxa”, permitindo que ele se reproduza sem dificuldades no interior de células do organismo.

Se fosse verdadeira, essa seria uma possível explicação para as graves consequências que observamos no Brasil, como o surto de microcefalia e de outras más-formações associados à zika.

Protegido, os vírus passariam incólumes pelo sistema imunológico e poderiam infectar mais rapidamente as células do organismo, usurpando as estruturas intracelulares com a finalidade de se replicar.

Vale notar que a ADE é uma das possíveis explicações para as infecções recorrentes pelo vírus da dengue terem maior potencial para complicações: como existem quatro subtipos do vírus, é possível ter dengue quatro vezes em uma escala crescente de gravidade.

Com relação à zika, porém, segundo dois novos estudos científicos, não há indícios de que a ADE sequer aconteça, tampouco seja culpada pelos casos de microcefalia no país e outras consequências graves do surto da doença, como a síndrome paralisante de Guillain-Barré.

Uma dessas pesquisas, conduzida por pesquisadores dos EUA, foi feita em macacos. Eles infectaram os animais com vírus da dengue algum tempo atrás e agora resolveram infectá-los com o vírus da zika.

Resultado: a dinâmica do vírus da zika no sangue dos macacos, independentemente se tiveram dengue ou não, é a mesma. Veja a figura abaixo:

(Crédito: Reprodução/”Nature Communications”)

O gráfico mostra o aumento da quantidade de genoma viral (RNA) no soro ao longo do tempo; após sete dias, o valor se estabiliza. Ambos os grupos (previamente infectados com dengue em laranja e nunca expostos aos arbovírus em preto) atingem a viremia máxima de zika no segundo dia de infecção. A linha tracejada indica o limite de detecção do método empregado. O estudo está na revista “Nature Communications”.

EM GENTE

Outra pesquisa que aponta na mesma direção, feita com seres humanos, é uma que foi liderada por Maurício Lacerda Nogueira, da Faculdade de Medicina de Rio Preto. No estudo, 65 pacientes foram separados em dois grupos: aqueles que já tinham tido dengue ou não.

Os pesquisadores mediram (por meio da quantificação do RNA viral) a quantidade de vírus em cada um dos grupos, quando as pessoas apresentaram uma nova infecção, fosse ela dengue ou zika.

A conclusão, como mostra a figura abaixo, não difere daquela do estudo americano.

(Crédito: Reprodução/”Clinical Infectious Diseases”)

No gráfico, a comparação foi feita entre grupos que tiveram dengue (direita) com os que não tiveram (esquerda) e que estavam sofrendo, por um período de até cinco dias, com uma nova infecção pelo vírus da zika (ZIKV) –ainda na fase aguda. Não houve diferença de carga viral entre os grupos.

Outro método de verificar se a ADE está acontecendo é avaliando a produção de citocinas, uma família de moléculas importantes para  sinalização de eventos do organismo como a inflamação, estresse oxidativo ou proliferação celular. Os cientistas também não viram diferenças nesse sentido na direção dengue-zika.

Já para a dengue, pode ser que o ADE tenha uma participação, afirma Nogueira. “Mas não há argumentos irrefutáveis para nenhum dos lados. Temos que lembrar que a ADE é uma teoria que explica muita coisa, mas não explica tudo. É algo fácil de ver in vitro e até em alguns modelos animais, mas ninguém nunca demonstrou que a ADE ocorra em seres humanos.”

Nogueira conta que a ideia de estudar o tema nasceu após a publicação de artigos mostrando, in vitro e em camundongos, que o ADE poderia, eventualmente, ser um complicador para o lançamento e comercialização de vacinas contra a dengue.

“Conversei com o Jorge Kalil [professor da USP, também autor da pesquisa] e, como São José do Rio Preto sempre teve bastante dengue e estavam surgindo casos de zika, seria o melhor lugar para realizar um estudo para saber se o fenômeno ocorria.”

Um ano depois e com o estudo publicado no periódico “Clinical Infectious Diseases”, Nogueira conclui que, pelo menos para a infecção de zika após a de dengue que “ou o fenômeno da ADE não existe ou ele é tão raro que, no fim das contas, é irrelevante”.

A pesquisa de Nogueira e colaboradores foi financiada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).


Gostou? Compartilhe. Não gostou? Quer desabafar? Elogiar? Tem algo novo para me contar? Comente abaixo ou escreva para cadeacura (arroba) gmail (ponto) com.

Clique aqui e receba todas as novidades do blog

Você pode acessar (e divulgar) o blog Cadê a Cura? pelo endereço folha.com/cadeacura

Leia posts recentes:

Em vez de projeto de lei, que tal mais estudos sobre as drogas emagrecedoras?

Depoimento: ‘Praticar exercícios físicos foi o que me deu motivação para conseguir vencer o câncer’

Instituto Butantan negocia informações da vacina da dengue com farmacêutica MSD

]]>
0
Instituto Butantan negocia informações da vacina da dengue com farmacêutica MSD https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/04/13/negociacao-da-vacina-da-dengue/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/04/13/negociacao-da-vacina-da-dengue/#respond Thu, 13 Apr 2017 07:03:19 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2017/04/dengue-butantan-vacina-camila-carvalho-180x173.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=661 A farmacêutica MSD (Merck, nos EUA) está negociando com o Instituto Butantan a possibilidade de a empresa usar o conhecimento que vem sendo adquirido com os testes clínicos da vacina da dengue no Brasil para poder lançá-la com mais rapidez no exterior.

Seria um aporte de US$ 1,5 bilhão, ao longo de 10 anos, para o Butantan. O namoro da MSD com o instituto começou na gestão de Jorge Kalil e os detalhes não podem ser divulgados oficialmente por causa de um termo de confidencialidade.

A ideia, segundo o Cadê a Cura? apurou, é que a MSD venda a vacina especialmente na Europa e no resto do hemisfério norte, para turistas que vão para áreas endêmicas.

O acordo é possível porque tanto o Butantan quanto a MSD adquiriram a vacina TV003, desenvolvida pelos NIH (Institutos Nacionais de Saúde, dos EUA). O estudo do Butantan, atualmente em fase 3 (a última antes do lançamento), está bem mais adiantado que o da gigante americana. Nesse sentido, ganhar alguns anos no desenvolvimento podem justificar o investimento bilionário em um mercado que tem outras farmacêuticas no páreo, como Takeda e GSK.

Por ser de dose única, a vacina seria extremamente vantajosa para imunizar turistas. A alternativa disponível hoje, da Sanofi, requer três aplicações, uma a cada seis meses, para o máximo de proteção (apesar disso, é possível ter benefícios já a partir da primeira dose).

A previsão é que os testes clínicos da vacina contra a dengue do Butantan sejam concluídos idealmente no início de 2018 –embora, segundo o instituto, isso seja difícil de prever com certeza.

A dengue é uma arbovirose transmitida principalmente por mosquitos Aedes aegypti e afeta 50 milhões de pessoas anualmente, provocando 22 mil mortes.

NOTAS

Segundo o Instituto Butantan, “o termo está sendo avaliado e estudado por esta gestão [de Dimas Tadeu Covas] e pela Secretaria de Estado da Saúde“.

Procurada, a MSD afirma em nota que “as duas organizações iniciaram de forma exploratória conversas sobre a possibilidade de trabalho de desenvolvimento e pesquisas em conjunto”. “Até o momento não existe nenhuma decisão sobre a parceria”. A empresa já fabrica vacinas contra sarampo, caxumba e rubéola (tríplice viral), HPV, hepatites A e B, entre outras.

ATUALIZAÇÃO

Em nota enviada ao blog na tarde desta quinta (13), o Butantan disse que o valor do acordo apurado “não procede”.

“Estamos neste momento avaliando a cooperação e sequer estamos discutindo e/ou trabalhando valores. Vamos reavaliar todos os entendimentos e acordos realizados pela antiga gestão, mas é preciso esclarecer que não negociamos nenhum valor neste momento com a MSD com relação a este assunto.”


Gostou? Compartilhe. Não gostou? Quer desabafar? Elogiar? Tem algo novo para me contar? Comente abaixo ou escreva para cadeacura (arroba) gmail (ponto) com.

Clique aqui e receba todas as novidades do blog

Você pode acessar (e divulgar) o blog Cadê a Cura?  pelo endereço folha.com/cadeacura

Leia posts recentes:

Falta de visão para desenvolvimento da ciência e da saúde é compartilhada entre Temer e Trump

Mosquito geneticamente modificado reduz em 80% a infestação em dois bairros de Piracicaba

E a saúde da mulher? Muitas nunca foram ao médico para saber como anda o coração

]]>
0
Mosquito geneticamente modificado reduz em 80% a infestação em dois bairros de Piracicaba https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/03/30/mosquito-geneticamente-modificado-reduz-em-80-a-infestacao-em-dois-bairros-de-piracicaba/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/03/30/mosquito-geneticamente-modificado-reduz-em-80-a-infestacao-em-dois-bairros-de-piracicaba/#respond Thu, 30 Mar 2017 21:42:53 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=633 O mosquitinho geneticamente modificado da Oxitec que leva o ambicioso nome de “Aedes do Bem” teve mais um bom resultado em campo, na cidade de Piracicaba. Houve uma redução na casa 80% das larvas de Aedes aegypti selvagens em dois bairros diferentes, um na periferia da cidade e um na zona central.

Para fazer essa contabilidade entomológica, foram usadas armadilhas que capturam os ovos de mosquitos. Aqueles resultantes da reprodução dos mosquitos liberados não são contabilizados, já que eles são inviáveis, ou seja, não se tornarão mosquitos adultos.

Não necessariamente esse resultado implica em uma redução dos casos de dengue, que depende, entre outras coisas, do nível de aglomeração e do estado sorológico das pessoas (se elas tiveram dengue antes). Mas o que não se pode negar que é um bom motivo para a empresa comemorar.

Como mostrou o Cadê a Cura?, também houve redução do número de casos na área tratada inicialmente no bairro Cecap/Eldorado, que tinha alta incidência e que ficou abaixo da média municipal após a intervenção.

Para o diretor geral da Oxitec do Brasil, Jorge Espanha, o resultado é “espetacular” e se aproxima da meta de “perfeição” que seria o índice de 90%.

O gargalo para obter esse índice parece ser a reinfestação com mosquitos de outras áreas após o tratamento.

Por causa disso, explica, a Oxitec tem testado algumas novas táticas de liberação, com menos mosquitos, mas liberados em horários diferentes (de madrugada parece que eles têm melhor desempenho). Outro fator, diz Espanha, é o tempo, que também é monitorado para encontrar o melhor momento de liberação e otimizá-la.

Na cidade de Piracicaba, o projeto começou em 2015. “No segundo ano continuamos a ver resultados muito bons que, tenho certeza, fizeram uma grande diferença na vida dos moradores do bairro […] Os resultados iniciais no São Judas também mostram o acerto de nossa decisão em expandir o projeto para a região central de Piracicaba, em 2016”, disse o secretário de Saúde e Esportes, Pedro Mello, em comunicado à imprensa.

INTERESSE

Segundo Espanha, há diversos municípios interessados na tecnologia –que ainda não pode ser comercializada porque ainda não há liberação da Anvisa para essa finalidade.

Essas cidades estariam nos Estados de São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais e Pernambuco. Os contratos entre Oxitec e os municípios, no entanto, ainda não foi firmados.

“Não estamos buscando parceiro proativamente, mas estamos sendo muito pressionados”, afirma Espanha.

Para o diretor, ainda há um subdimensionamento do custo das doenças transmitidas pelo Aedes no Brasil. “Cinco dias de internação, afastamento do trabalho, pessoal no campo para controlar o vetor, campanhas educativas… Possivelmente gastamos bilhões de reais sem saber. E isso corrói os orçamentos [dos governos municipais, estaduais e federal].”

O pior de tudo, diz, é o prejuízo social. “Não tem como quantificar o impacto de um bebê com microcefalia, ou da morte de uma pessoa da família.”

No entanto, considerando os recursos –sempre limitados– no combate às doenças transmitidas pelo Aedes, seja zika, dengue ou chikungunya, ainda não sabemos o poder de competição da nova tecnologia.

Pelo menos, segundo Espanha, é possível combiná-la com a aplicação do fumacê, por exemplo, o que pode otimizar os resultados no campo e reduzir custos e o número mosquitos liberados.

 

Variação da infestação por Aedes selvagens ao longo de 2016 no bairro São Judas em comparação com o bairro Alvorada (controle) Credito: Divulgação/Oxitec

 

Mapa de calor da infestação (larvas capturadas em armadilhas) de Aedes selvagem bairro São Judas em comparação com o bairro Alvorada (controle) Credito: Divulgação/Oxitec

 

Variação da infestação por Aedes selvagens ao longo de 2016 no bairro do Cecap/Eldorado em comparação com o bairro Alvorada (controle) Credito: Divulgação/Oxitec

 

Mapa de calor da infestação (larvas capturadas em armadilhas) de Aedes selvagem bairro Cecap/Eldorado (que já estava sendo tratado) em comparação com o bairro Alvorada (controle) Credito: Divulgação/Oxitec


Gostou? Compartilhe. Não gostou? Quer desabafar? Elogiar? Tem algo novo para me contar? Comente abaixo ou escreva para cadeacura (arroba) gmail (ponto) com.

Clique aqui e receba todas as novidades do blog

Você pode acessar (e divulgar) o blog Cadê a Cura?  pelo endereço folha.com/cadeacura

Leia posts recentes:

E a saúde da mulher? Muitas nunca foram ao médico para saber como anda o coração

Criopreservação de humanos ainda é ambição bem distante

Surdos curtindo música? Entenda como o implante coclear ‘conversa’ diretamente com o cérebro

]]>
0
Que doença ganhará uma cura em 2017? https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/01/01/que-doenca-ganhara-uma-cura-em-2017/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/01/01/que-doenca-ganhara-uma-cura-em-2017/#respond Sun, 01 Jan 2017 13:03:31 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2016/12/7505286308_7e14a047b7_k-180x106.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=519 Aposto que a maioria dos leitores, se tivessem que escolher uma doença para ganhar uma nova cura, optariam pelo câncer.

O problema é que o que o câncer tem de avassalador, também tem de complexo. São dezenas de doenças diferentes rotuladas como câncer –com drogas e abordagens mais (ou menos) efetivas para cada caso.

A grande conquista da oncologia nos últimos anos foi a consolidação da imunoterapia para o combater essas moléstias. E isso mudou um pouco esse panorama de que cada tipo de câncer tem apenas um restrito conjunto de abordagens capaz de tratá-lo.

Os imunoterápicos (que são anticorpos produzidos para atacar/neutralizar alvos específicos –leia mais aqui e aqui) se tornaram a grande aposta da área oncológica das indústrias farmacêuticas não só porque conseguem estender a sobrevida dos pacientes, mas também por serem versáteis em atuar sobre vários tipos de tumor.

Os mesmos imunoterápicos que estimulam a ação do sistema imunológico contra um câncer de pulmão também podem ser particularmente eficazes no tratamento de melanoma, por exemplo.

No entanto, os especialistas da área não pensam que os imunoterápicos vão dar conta de todo e qualquer câncer –e nem que irão substituir completamente os quimioterápicos convencionais ou a radioterapia. Uma pena.

CORAÇÃO

Mesmo com o “favoritismo” do câncer como candidato a receber uma cura, talvez a maior parte de nós morra de doenças cardiovasculares, como infarto e derrame.

Apesar de constantes e até significativos incrementos na maneira de conduzir esses quadros (como a injeção de microbolhas e as já bastante respaldadas estatinas), a melhor maneira de evitar essas situações é adotar um estilo de vida que inclui hábitos alimentares adequados e atividade física e momentos de relaxamento em uma quantidade otimizada.

Quando acontece algo, muitas vezes não há tempo para agir. Nessa área, prevenção é a chave –nada de nova cura em 2017.

GENES

Guardei o melhor para o final. As doenças mais fáceis de serem curadas são aquelas com uma causa muito bem definida.

Se uma pessoa, por exemplo, vive em um local úmido, embolorado, a chance de ter tuberculose aumenta bastante. Removê-la do local, ou promover uma transformação de forma a arejar e permitir a entrada do sol no imóvel diminui sobremaneira a incidência da doença (veja uma reportagem a respeito).

Outros casos de bons candidatos a terem uma cura são doenças infecciosas para as quais existem vacinas. Para breve (não necessariamente em 2017), podemos esperar uma importante redução dos casos de dengue, por causa da vacina já lançada (da Sanofi) e das que ainda ainda estão sendo estudadas (como a do Instituto Butantan e a da farmacêutica Takeda).

Logo virão vacinas contra zika também –já se estuda uma modalidade pentavalente, com o imunizante atuando contra os quatro tipos de vírus da dengue (DENV1 a DENV4) mais o vírus da zika (ZIKV).

A boa resolução dos surtos de ebola na África é prova de que as vacinas ainda podem trazer muitos benefícios para a humanidade. Quem sabe em 2017 tenhamos uma boa notícia com relação ao combate à Aids, por causa de mais uma delas? A África do Sul está sediando um ensaio clínico.

Por fim, a mais forte esperança é que aquelas doenças causadas por mutações genéticas, como distrofias musculares, hemofilia, daltonismo e algumas síndromes raras possam encontrar  uma cura por meio de  terapia genética (que visa corrigir o erro do DNA nas próprias células humanas). A promessa é que a aplicação da técnica conhecida como Crispr (leia mais a respeito aqui e aqui) resolva esses e muitos outros problemas. A ver em 2017.


Gostou? Compartilhe. Não gostou? Quer desabafar? Elogiar? Tem algo novo para me contar? Comente abaixo ou escreva para cadeacura (arroba) gmail (ponto) com.

Clique aqui e receba todas as novidades do blog

Você pode acessar (e divulgar) o blog Cadê a Cura?  pelo endereço folha.com/cadeacura

Leia posts recentes:

Casados morrem menos de derrame, diz estudo

Cesárea pode ter alterado a evolução do homem ao anular potencial prejuízo do cabeção do bebê

Agência dos EUA quer que consumidores parem de ser enganados por remédios homeopáticos

]]>
0
Campanha no Paraná é chance de ouro para fabricante de vacina contra a dengue https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2016/07/26/campanha-no-parana-e-chance-de-ouro-para-fabricante-de-vacina-contra-a-dengue/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2016/07/26/campanha-no-parana-e-chance-de-ouro-para-fabricante-de-vacina-contra-a-dengue/#respond Tue, 26 Jul 2016 23:45:34 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2016/06/13383578915_a94b2952ae_k-180x145.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=281 A campanha de vacinação contra a dengue pela qual passará Paranaguá e outras 29 cidades do Paraná será uma oportunidade de ouro para que a multinacional francesa Sanofi mostre a que veio.

A região concentra a maior parte dos casos do Estado e espera-se grande benefício no controle da doença, que assusta a população e o governador Beto Richa (PSDB).

Há uma limitação inicial de 500 mil doses, que serão adquiridas a R$100 cada –menos do que o preço oficial de R$ 138,53.

O investimento não é tão pesado, e o preço pago por dose, especialmente se considerarmos trata-se de um lançamanto, não é tão salgado. Uma única dose de vacina quadrivalente contra a gripe custa esse mesmo tanto.

Mas há problemas. Uma das principais desvantagens da vacina é a necessidade de três doses para que seja atingido um patamar “aceitável” de proteção.

Digo aceitável porque a proteção fornecida não é completa (fica na casa dos 66%. Há um sorotipo da dengue (de quatro existentes), o DENV2, para o qual a proteção é de 47%. –a circulação atual da região, segundo informa reportagem da Folha, é formada predominantemente de DENV1, contra o qual a  proteção fornecida pela vacina é de 58%.

(Vale registrar aqui que a proteção da vacina da Sanofi Pasteur contra o DENV3 e o DENV4 são de 73% e 83%, respectivamente.)

O argumento que sempre é e que sempre poderá ser usado pela Sanofi (até que alguma vacina concorrente seja lançada) é o da redução das internações (80%), de casos graves de dengue e de dengue hemorrágica (93%).

As cidades da campanha de vacinação abrangem 80% dos casos do Paraná, que teve um aumento no número de casos de 60% em relação ao ano anterior. Houve 61 mortes.

É a chance de ouro que a Sanofi tem para provar que, apesar do baixo índice de proteção, que vale a pena investir algumas centenas de reais por pessoa imunizada contando com a economia em hospitalizações. O governador diz que o prejuízo com a dengue já superou os R$ 330 milhões em 2016. Não está claro como foram feitas as contas, mas a construção dos argumentos faz a vacina parecer uma boa ideia.

Claro que aqui estamos só tratando da briga contra o vírus, impedindo que ele circule em parte da população. Para vários especialistas, o combate aos vetores, em especial o Aedes aegypti, é a principal arma para acabar com a doença, mas estamos falhando há décadas nesse cabo de guerra contra os aedes. No meio de tanta descrença, quem sabe a vacina mostre que há uma luz no fim do túnel.

 


Gostou? Compartilhe. Não gostou? Quer desabafar? Elogiar? Tem algo novo para me contar? Comente abaixo ou escreva para cadeacura (arroba) gmail (ponto) com.

Clique aqui e receba todas as novidades do blog

Você pode acessar (e divulgar) o blog Cadê a Cura?  pelo endereço folha.com/cadeacura

Leia posts recentes:

Médicos de 18 países estão tentando reviver cérebros mortos

A estranha história do vírus bovino que, até agora, não explicou microcefalia nenhuma

Vamos penar bastante antes de mapear todo o prejuízo causado pela zika em bebês

]]>
0