Cadê a Cura? https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br Sobre doenças e suas complicações e o que falta para entendê-las e curá-las Thu, 19 Mar 2020 00:39:51 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Contra Aedes, dengue e zika, Juiz de Fora inicia liberação de mosquitos transgênicos https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/11/30/juiz-de-fora-e-o-aedes/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/11/30/juiz-de-fora-e-o-aedes/#respond Thu, 30 Nov 2017 21:39:03 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2016/07/BRAZIL-TREATMENT_53056421-180x134.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=828 A cidade mineira de Juiz de Fora, assim como Piracicaba (SP), fará uso de mosquitos geneticamente modificados para tentar combater o principal vetor urbano de zika, dengue e chikungunya, o Aedes aegypti.

Os primeiros testes tiveram início nesta quinta-feira (30) e devem cobrir uma área onde moram cerca de 10 mil pessoas e na qual há alto risco de dengue. Em 2016 houve mais de 35 mil notificações na cidade; no ano de 2017 elas somam 222.

Em entrevista à Folha, que foi o primeiro veículo a noticiar a chegada dos mosquitinhos transgênicos à cidade, a secretaria de saúde informou que foram gastos em 2016 R$ 7 milhões de reais além do previsto pelo orçamento inicial daquele ano.

A abordagem tecnológica, oferecida pela empresa Oxitec, segundo informações divulgadas nesta quinta, devem custar para o município R$ 3,3 milhões em quatro anos.

Apesar de o valor ser menor que o gasto extra de 2016, é mais do que o dobro que aquele informado inicialmente à Folha no mês de junho pelo município (R$ 1,32 milhão). O contrato só foi assinado em julho.

Devem ser liberados, de acordo com a empresa, dois milhões de mosquitos por semana e o projeto durará dois anos.

INCERTEZAS

Ainda há muita incerteza em relação a qual vai ser o comportamento do mosquito transgênico, também chamado de “Aedes do Bem” (nome comercial), na nova cidade. Isso pode levar a que ajustes tenham de ser feitos “durante o voo”, ao longo dos próximos meses e anos.

Em Piracicaba, por exemplo, houve índices de supressão que superaram os 80%. O acompanhamento será feito por meio de armadilhas que capturam os ovos das fêmeas locais. Os ovos dos Aedes transgênicos (só machos são liberados) com as fêmeas selvagens brilham e não se desenvolvem até à fase adulta.

A expansão da atuação da Oxitec no país vem acontecendo por meio de parcerias com prefeituras, as quais são formatadas como projetos de pesquisa. Isso se dá porque os Aedes do Bem não tem aval de agências reguladoras –já faz mais de dois anos que a tecnologia está na “fila” à espera de um parecer.

Os mosquitos são produzidos em Piracicaba e só os machos são “exportados” (em recipientes refrigerados), chegando a Juiz de Fora em estágio de pupa. Em uma espécie de “maternidade” local, os insetos chegam à fase adulta e são liberados. Eles vivem de dois a quatro dias na natureza. A expectativa da Oxitec é que, no futuro, Juiz de Fora possa abrigar todo o processo de produção.


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Empresa de biotecnologia Oxitec testará linhagem melhorada de Aedes aegypti transgênico https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/08/08/novo-aedes-transgenico/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/08/08/novo-aedes-transgenico/#respond Tue, 08 Aug 2017 23:46:00 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2016/07/BRAZIL-TREATMENT_53056421-180x134.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=764 Um inovação da empresa de biotecnologia Oxitec pode, além de reduzir seus custos operacionais, ampliar a ação de seus mosquitos Aedes aegypti transgênicos na natureza.

O novo mosquito é diferente do OX513A, usada em testes no país, em Juazeiro (BA), Piracicaba (SP) e, agora, em Juiz de Fora (MG), por exemplo. Ao cruzar com as fêmeas selvagens –e são elas que picam e transmitem doenças–, os machos tornam a prole delas inviável.

A linhagem OX5034 deu um passo adiante. Nela, os machos sobrevivem naturalmente e as fêmeas não se desenvolvem. E isso traz duas consequências importantes.

A primeira é a redução de custos da empresa, que atualmente separa mecanicamente pupas machos e fêmeas de insetos durante a produção dos mosquitos OX513A.

A segunda, epidemiologicamente mais interessante, é que com a prole masculina do inseto sobrevivendo, pode haver um efeito remanescente, isto é, a prole dos Aedes OX5034 nascidos nos locais de soltura e arredores podem continuar inviabilizando a prole de fêmeas remanescentes no futuro.

Esse segundo efeito também pode ter um efeito financeiro, reduzindo o número de mosquitos machos liberados para obter um mesmo efeito.

A artimanha molecular para criar o OX5034 é chamada de sex splicing: os biólogos conseguem fazer com que os mesmos genes sejam ativados diferentemente a depender do sexo da criatura.

TESTES

O novo mosquito, desenvolvido na sede da Oxitec, no Reino Unido, possivelmente será testado em Indaiatuba (SP), a 100 km da capital, que negocia com a empresa a realização de ensaios com 36 meses de duração em diferentes áreas da cidade. A autorização de liberação foi dada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

A decisão do CNTBio indica que há baixo risco para a saúde humana, animal e vegetal, tendo também pouco impacto no ambiente. Convém lembrar que o combate direcionado ao Aedes aegypti não suscita muitos dilemas de natureza ambiental, já que se trata de uma espécie invasora.

“Trata-se de uma autorização só para fazer uma LPMA (Liberação Planejada no Meio Ambiente). Os resultados poderão ser submetidos posteriormente à CTNBio para a emissão de uma autorização para todo o território nacional”, explica Cecília Kosmann, entomologista e coordenadora de suporte científico da Oxitec.


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Mosquito geneticamente modificado reduz em 80% a infestação em dois bairros de Piracicaba https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/03/30/mosquito-geneticamente-modificado-reduz-em-80-a-infestacao-em-dois-bairros-de-piracicaba/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2017/03/30/mosquito-geneticamente-modificado-reduz-em-80-a-infestacao-em-dois-bairros-de-piracicaba/#respond Thu, 30 Mar 2017 21:42:53 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=633 O mosquitinho geneticamente modificado da Oxitec que leva o ambicioso nome de “Aedes do Bem” teve mais um bom resultado em campo, na cidade de Piracicaba. Houve uma redução na casa 80% das larvas de Aedes aegypti selvagens em dois bairros diferentes, um na periferia da cidade e um na zona central.

Para fazer essa contabilidade entomológica, foram usadas armadilhas que capturam os ovos de mosquitos. Aqueles resultantes da reprodução dos mosquitos liberados não são contabilizados, já que eles são inviáveis, ou seja, não se tornarão mosquitos adultos.

Não necessariamente esse resultado implica em uma redução dos casos de dengue, que depende, entre outras coisas, do nível de aglomeração e do estado sorológico das pessoas (se elas tiveram dengue antes). Mas o que não se pode negar que é um bom motivo para a empresa comemorar.

Como mostrou o Cadê a Cura?, também houve redução do número de casos na área tratada inicialmente no bairro Cecap/Eldorado, que tinha alta incidência e que ficou abaixo da média municipal após a intervenção.

Para o diretor geral da Oxitec do Brasil, Jorge Espanha, o resultado é “espetacular” e se aproxima da meta de “perfeição” que seria o índice de 90%.

O gargalo para obter esse índice parece ser a reinfestação com mosquitos de outras áreas após o tratamento.

Por causa disso, explica, a Oxitec tem testado algumas novas táticas de liberação, com menos mosquitos, mas liberados em horários diferentes (de madrugada parece que eles têm melhor desempenho). Outro fator, diz Espanha, é o tempo, que também é monitorado para encontrar o melhor momento de liberação e otimizá-la.

Na cidade de Piracicaba, o projeto começou em 2015. “No segundo ano continuamos a ver resultados muito bons que, tenho certeza, fizeram uma grande diferença na vida dos moradores do bairro […] Os resultados iniciais no São Judas também mostram o acerto de nossa decisão em expandir o projeto para a região central de Piracicaba, em 2016”, disse o secretário de Saúde e Esportes, Pedro Mello, em comunicado à imprensa.

INTERESSE

Segundo Espanha, há diversos municípios interessados na tecnologia –que ainda não pode ser comercializada porque ainda não há liberação da Anvisa para essa finalidade.

Essas cidades estariam nos Estados de São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais e Pernambuco. Os contratos entre Oxitec e os municípios, no entanto, ainda não foi firmados.

“Não estamos buscando parceiro proativamente, mas estamos sendo muito pressionados”, afirma Espanha.

Para o diretor, ainda há um subdimensionamento do custo das doenças transmitidas pelo Aedes no Brasil. “Cinco dias de internação, afastamento do trabalho, pessoal no campo para controlar o vetor, campanhas educativas… Possivelmente gastamos bilhões de reais sem saber. E isso corrói os orçamentos [dos governos municipais, estaduais e federal].”

O pior de tudo, diz, é o prejuízo social. “Não tem como quantificar o impacto de um bebê com microcefalia, ou da morte de uma pessoa da família.”

No entanto, considerando os recursos –sempre limitados– no combate às doenças transmitidas pelo Aedes, seja zika, dengue ou chikungunya, ainda não sabemos o poder de competição da nova tecnologia.

Pelo menos, segundo Espanha, é possível combiná-la com a aplicação do fumacê, por exemplo, o que pode otimizar os resultados no campo e reduzir custos e o número mosquitos liberados.

 

Variação da infestação por Aedes selvagens ao longo de 2016 no bairro São Judas em comparação com o bairro Alvorada (controle) Credito: Divulgação/Oxitec

 

Mapa de calor da infestação (larvas capturadas em armadilhas) de Aedes selvagem bairro São Judas em comparação com o bairro Alvorada (controle) Credito: Divulgação/Oxitec

 

Variação da infestação por Aedes selvagens ao longo de 2016 no bairro do Cecap/Eldorado em comparação com o bairro Alvorada (controle) Credito: Divulgação/Oxitec

 

Mapa de calor da infestação (larvas capturadas em armadilhas) de Aedes selvagem bairro Cecap/Eldorado (que já estava sendo tratado) em comparação com o bairro Alvorada (controle) Credito: Divulgação/Oxitec


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Mosquitos geneticamente modificados obtêm sucesso no combate à dengue em Piracicaba https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2016/07/14/mosquitos-geneticamente-modificados-obtem-sucesso-no-combate-a-dengue-em-piracicaba/ https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/2016/07/14/mosquitos-geneticamente-modificados-obtem-sucesso-no-combate-a-dengue-em-piracicaba/#respond Thu, 14 Jul 2016 13:19:11 +0000 https://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/files/2016/07/BRAZIL-TREATMENT_53056421-180x134.jpg http://cadeacura.blogfolha.uol.com.br/?p=255 Ser entomologista (ou entomólogo) –especialista no estudo de insetos– nunca esteve tão em alta. Nesta quinta, a Oxitec, empresa britânica responsável pela produção de mosquitos Aedes aegypti transgênicos, e a Prefeitura de Piracicaba divulgaram os resultados da liberação dos insetos em um bairro da cidade. O número de casos de dengue caiu 91%.

mosquitosA. aegypti  também é capaz de transmitir outras arboviroses (viroses que dependem de um artrópode, como os insetos, para se espalharem) como cikungunya e zika.

A versão transgênica dos aedes possui uma proteína letal que faz com que eles morram de 2 a 4 dias depois de serem liberados. No caso, só são liberado os machos (que não se alimentam de sangue e, portanto, não picam humanos nem transmitem doenças).

O efeito esperado é que eles encontrem as fêmeas selvagens e copulem com elas, fazendo que seus filhos sejam inviáveis.

Em experimentos, os número de mosquitos em locais de testes foi reduzido de 80 a 90% e a empresa está comemorando a redução nos casos de dengue no bairro do Cecap, na cidade do interior de São Paulo.

O Cecap tem cerca de 5.000 habitantes e a comparação foi feita entre o ano-dengue 2014-2015 e 2015-2106. Foram 12 casos contra 133 do período anterior, segundo a vigilância epidemiológica do município.

Na cidade, também houve uma queda nos casos de dengue, só que menor: de 52%. O número de notificações foi de 3.487 para 1.676. Isso significa que a incidência (casos por 100 mil habitantes) do Cecap caiu mais de dez vezes, para abaixo do nível de Piracicaba (veja abaixo). A escolha inicial do bairro levou em conta a alta incidência por lá.

CRÍTICA

Só de falar em transgênicos algumas pessoas já têm arrepios, mas não é essa a principal crítica de estudiosos aos mosquitinhos da Oxitec.

O problema é que a liberação dos insetos deve ser continuada para que a população selvagem possa ser mantida em níveis baixos, gerando uma despesa permanente aos cofres públicos.

Também ainda não está claro se essa barreira dos 10%-20% de animais restantes após a intervenção pode ser rompida nem o tamanho do investimento que seria necessário para que isso acontecesse –a relação entre mosquitos soltos e redução de população provavelmente não é linear.

Outros problemas comumente levantados, como a descaracterização ou perda do papel do A. aegypti  no ecossistema, não fazem sentido já que a espécie é invasora no país –uma praga, por assim dizer.

A iniciativa tem mérito e merece ser debatida e considerada como uma das formas eficazes de lidar com o mosquito da dengue –poucas intervenções têm impacto facilmente mensurável. No terrível cenário que vivemos a cada verão, quando a epidemia é mais intensa, parece que só a combinação de métodos antiaedes dão alguma esperança de que nos livraremos dos males trazidos pelo inseto.

Dengue_Piracicaba_AedesDoBem (1)
(crédito: Oxitec/Divulgação)

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